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quinta-feira, março 28, 2024

“Coletes pretos” em Paris protestam por papéis e moradia para imigrantes sem documentos

Migrantes se reuniram no Panthéon no sábado pela 2ª vez em dois dias; 21 foram presos e a maioria liberada 24 horas depois

Por Victoria Brotto
De Estrasburgo (França)

Um dia antes das comemorações pela Queda da Bastilha (14 de julho), a polícia de Paris prendeu 21 migrantes durante uma manifestação no Panthéon, região central da cidade, em prol da regularização das pessoas sem documentos.

De acordo com o site RFI, o ato do sábado (13) foi organizado pelos coletivos “coletes pretos” – em alusão aos “coletes amarelos” (grupo de franceses contrários ao governo de Emmanuel Macron) – e “A Capela em pé”, que apoiam os imigrantes indocumentados.

A escolha pelo Panthéon se deu, segundo os organizadores, pelo monumento representar a luta contra a escravidão e por ser um símbolo dos grandes pensadores do iluminismo francês.

De acordo com o jornal Le Fígaro, o grupo ficou preso por 24 horas (a chamada ”detenção administrativa”) na delegacia da Quinta Vara de Paris – apenas o migrante detido por violência ficará por mais tempo na delegacia aguardando decisão judicial.

A prisão ocorreu por ”violação dos direitos de estrangeiros”, sendo que um dos migrantes fora preso por ”violência contra as forças policiais”. De acordo com o jornal francês Le Monde, o migrante compareceu perante o juiz na manhã de segunda-feira para esclarecimentos.

Após a prisão dos 21 migrantes, um grupo de manifestantes se reuniu na frente da delagacia com cartazes com dizeres como ”Liberem os coletes pretos” e ”Polícia racista”.

Outros atos

Não é a primeira vez que migrantes sem documentos se organizam para protestar por direitos. Na última sexta-feira, cerca de 700 migrantes – a maioria africanos – ocuparam o mesmo Pantheon até o começo da tarde, quando a polícia chegou, ocasionando tumulto e prisões – 37 pessoas foram presas.

Em nota publicada no fim da sexta-feira, o grupo Coletes Pretos exigiam ”papeis e casas para todos” e descreviam-se como ”os sem documentos, sem voz e sem rosto da República francesa”. Eles pediam também um encontro com o primeiro-ministro Edouard Philippe, que se manifestou na sexta-feira à noite dizendo que ”a França é um país onde as regras devem ser respeitadas.”

”A França é um Estado de Direito, em tudo o que isso implica: o respeito das regras que se aplicam ao direito de permanecer, o respeito aos monumentos públicos à memória a qual eles evocam”, afirmou Philippe.

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