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sábado, dezembro 21, 2024

Livro aborda trajetória da migração brasileira para os Estados Unidos

Obra recém-lançada está disponível para download gratuito e ajuda a refletir sobre a experiência dos brasileiros como migrantes

Por Rodrigo Borges Delfim
Em São Paulo (SP)

Os EUA contam com a maior comunidade brasileira vivendo no exterior. Dos cerca de 3,1 milhões de emigrantes, de acordo com estimativas do Ministério das relações exteriores, 1.315.000 (42% do total)  vivem no país que costuma se intitular como “América”.

Jogar luz sobre essa trajetória, que teve início ainda na década de 1940 e se tornou mais próxima a partir dos anos 60, é o objetivo do livro “Brasileiros nos Estados Unidos – Meio século (re)fazendo a América (1960 – 2010)”, dos pesquisadores Álvaro Lima e Alanni Barbosa de Castro. A obra foi publicada pela Fundação Alexandre de Gusmão, vinculada ao Itamaraty, e está disponível para download gratuito – baixe aqui.

Capa do livro Brasileiros nos Estados Unidos – Meio Século (Re)Fazendo a América (1960-2010)
Crédito: Reprodução

A partir de dados oficiais disponíveis tanto em fontes brasileiras como nos Estados Unidos, a publicação analisa cinco décadas dessa migração (1960-2010). São levantados temas como: a criação de uma identidade e de uma tradição voltadas a migração em certas regiões do Brasil – como em cidades de Minas Gerais e Goiás; as dificuldades encontradas tanto pelos brasileiros nos Estados Unidos como pelos que resolvem voltar ao país após a experiência em solo estadunidense; e as contribuições econômicas geradas por essa movimentação nos dois países.

Esses dados são acompanhados pela vivência dos autores com a temática migratória, ajudando a humanizar as estatísticas e cifras econômicas. Lima, por exemplo, é um dos idealizadores do Espaço Digaai, localizado em Boston e dedicado documentar a diáspora brasileira no exterior, entre outros trabalhos relacionados; já Alanni atua no Sebrae de Minas Gerais e desenvolve projetos voltados para empreendedores brasileiros em Minas e no exterior.

 

Brasileiros ocupam Nova York durante o Brazilian Day 2016.
Crédito: Marcos Vasconcelos/Brazilian Day

Sem fugir do escopo do livro (a comunidade brasileira nos EUA), a obra aproveita as estimativas mais recentes do Itamaraty sobre os brasileiros no exterior para fazer um breve retrato dessa diáspora pelo mundo, que tende a aumentar.

Dados da Receita Federal divulgados nesta semana apontam crescimento de 81% nas declarações de saída definitiva do Brasil nos últimos três anos em comparação com o período anterior – tendência que é notada, inclusive, pelo livro de Lima e Alanni. Uma saída que é formada por uma mistura de sonhos, frustrações, incertezas e esperanças, seja por aqueles que migram, seja pelos que ficam na terra natal.

A partir do repertório sobre os brasileiros nos Estados Unidos, a obra serve como ponto de partida para uma série de estudos e reflexões sobre a experiência de migrar – o que fica ainda mais importante e urgente diante do viés negativo com o qual a migração tem sido vista mundo afora. Nesses momentos, mais do que nunca, é preciso ter em mente que migrar é um fenômeno social e próprio do ser humano.

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