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sexta-feira, março 29, 2024

Projeto Refugees in Brazil derruba mitos, esclarece e sensibiliza sobre refúgio e refugiados

“Eu não sou refugiado. Eu estou refugiado”. “Somos um, somos um”.

As frases acima são algumas das passagens mais marcantes do vídeo produzido pelo projeto “Refugees in Brazil” (“Refugiados no Brasil, em tradução livre”), criado por refugiados que vivem em São Paulo com apoio da Cáritas Arquidiocesana de São Paulo.

O projeto foi um dos 17 escolhidos entre 62 propostas enviadas de todo o mundo para o programa Youth Initiative (“Iniciativa Jovem”, em tradução livre do inglês) do ACNUR, o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados. A versão brasileira vem sendo desenvolvida pelos próprios refugiados desde agosto de 2014 e tem objetivo de esclarecer, sensibilizar e conscientizar sobre refúgio e refugiado – temas que ainda são ignorados ou mal compreendidos pela sociedade brasileira.

“Essa iniciativa é aplicada em outros países no mundo para promover o protagonismo dos jovens refugiados a partir da própria visão deles e apontar o que eles consideram importante para melhorar esse processo de integração”, explica Luiz Fernando Godinho, porta-voz do ACNUR no Brasil.

Gravado entre os meses de novembro e dezembro de 2014 em São Paulo, o videoclipe foi lançado oficialmente nesta semana e compõe uma série de ações que estão sendo feitas em virtude da aproximação do Dia Mundial do Refugiado, lembrado todo dia 20 de junho, para conscientização sobre o tema.

Refugiados residentes no Brasil participaram da Youth Initiative em São Paulo. Crédito: Luiz Fernando Godinho/ACNUR
Refugiados residentes no Brasil participaram da Youth Initiative em São Paulo.
Crédito: Luiz Fernando Godinho/ACNUR

“Alguns de nós já foram vítimas de preconceito. E acreditamos que esse preconceito surge de as pessoas não saberem bem o que é um refugiado. Esperamos que as pessoas consigam entender o que queremos mostrar e dizer ao Brasil”, explica o nigeriano Uchen Henry, um dos autores do projeto enviado ao ACNUR.

Além do videoclipe, o projeto inclui um site, também chamado Refugees in Brazil, que será lançado em breve e mantido pelos próprios refugiados, onde vão partilhar suas histórias e experiências de vida.

Refugiados apresentam entrelaçam as bandeiras de seus países para o videoclipe. Crédito: Luiz Fernando Godinho/ACNUR
Refugiados apresentam entrelaçam as bandeiras de seus países para o videoclipe.
Crédito: Luiz Fernando Godinho/ACNUR

Orgulho e otimismo

Apesar da barreira da desinformação que atrapalha a integração à sociedade brasileira, os refugiados envolvidos no projeto mostram orgulho e otimismo em relação aos efeitos da iniciativa.

Natural da República Democrática do Congo, o hoje estudante de Medicina Louison Mbombo ainda não havia entrado na universidade quando participou da elaboração do vídeo. Mas o orgulho de fazer parte da iniciativa segue com ele para qualquer lugar. “Essa atividade é legal porque estamos mostrando a verdade sobre o que é o refúgio. Muita gente pensa que refugiado é fugitivo, que fez uma coisa ruim. O refugiado é alguém que foi perseguido, é uma vítima de guerra, de conflitos, de perseguição por gênero… Tem muita coisa que pode forçar uma pessoa a deixar seu país”, exemplifica.

Já o engenheiro Partha Sarker, de Bangladesh, dá aulas de inglês desde que chegou ao Brasil, além de ajudar no desenvolvimento do futuro blog do projeto. E mostra otimismo com o futuro da iniciativa. “Acredito que este projeto terá impacto positivo sobre os brasileiros, mostrando que podemos contribuir com o Brasil”.

De acordo com Comitê Nacional para Refugiados (Conare), o Brasil conta atualmente com 7.700 refugiados de 81 nacionalidades diferentes, sendo a maior parte da Síria (23%), seguidos de Colômbia, Angola e República Democrática do Congo. Apesar do crescimento da população refugiada no Brasil, ela é pequena se comparada com os maiores receptores atuais de refugiados: Paquistão (que sozinho abriga 1,6 milhão de refugiados afegãos), Líbano (1,1 milhão), Irã (982 mil), Turquia (824 mil), Jordânia (737 mil), Etiópia (588 mil), Quênia (537 mil) e Chade (455 mil), segundo dados do ACNUR.

Campanha global

No último dia 2, o ACNUR lançou oficialmente a campanha mundial deste ano para o Dia Mundial do Refugiado.

A estratégia para este ano é de divulgar filmes em que celebridades mostram o lado humano do drama do refúgio, procurando aproximar o público do tema e mostrar que refugiados são “pessoas comuns que vivem sob circunstâncias extraordinárias” – e quase sempre traumáticas.

Os refugiados são pessoas comuns vivendo situações extraordinárias. Conheça essas pessoas notáveis e apresente-as a seus amigos.  Crédito: Reprodução/ACNUR
Os refugiados são pessoas comuns vivendo situações extraordinárias. Conheça essas pessoas notáveis e apresente-as a seus amigos.
Crédito: Reprodução/ACNUR

Os filmes da campanha têm a participação do Embaixador da Boa Vontade do ACNUR e autor de best-sellers, Khaled Hosseini, da fotógrafa e modelo Helena Christensen, do cantor e compositor Maher Zain e do ator Jung Woo-Sun. Os vídeos, gravados durante as recentes viagens feitas por estas celebridades a campos de refugiados, mostram a história daqueles que deixam tudo para trás e estão disponíveis no site da campanha www.diadorefugiado.org (e também na versão em inglês www.refugeeday.org)

No marco do lançamento da campanha, o Alto Comissário para Refugiados, António Guterres, disse que “em todo o mundo estamos testemunhando famílias fugindo da violência. Os números são massivos – mas não podemos nos esquecer que tratam-se de mães, pais, filhas e filhos. Pessoas que levavam vidas normais antes de a guerra tê-las forçado a fugir. Neste Dia Mundial do Refugiado, devemos lembrar do que conecta todos nós – nossa humanidade.”

Com informações da ONU Brasil

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