Importante festa dos bolivianos e integrante do Calendário Oficial de Eventos da cidade, a Alasitas move fé e sonhos da comunidade
Por Rodrigo Borges Delfim
Em São Paulo (SP)
Importante festa boliviana em São Paulo, a Alasitas manteve a tradição e conseguiu mobilizar a comunidade para os locais que receberam o evento neste ano – o Memorial da América Latina, na Barra Funda, e a Praça Cívica Ulisses Guimarães, na região do Parque Dom Pedro II.
As alasitas são miniaturas de qualquer objeto que os bolivianos compram e ofertam a Ekeko, deus andino da abundância, na crença de que esse sonho se torne realidade – uma nova casa, um carro, um novo emprego, entre outros pedidos. No idioma dos aimarás, alasita siginifica “Me Compre”.
Essas miniaturas, que são abençoadas tanto por padres como por curandeiros, podiam ser encontradas facilmente em toda a parte na festa, ao lado de diversas opções de comidas e bebidas típicas, danças folclóricas, música, exposição de artesanato, entre outras atrações.
Fé e sonhos
Festa típica da capital boliviana, La Paz, a Alasitas acontece sempre no dia 24 de janeiro – não importa o dia da semana.
“A fé é muito grande”, sintetiza a boliviana Veronica Yujira, coordenadora do coletivo Si, Yo Puedo, que busca promover a democratização da informação e do conhecimento junto a jovens migrantes, ao justificar a realização da Alasitas mesmo em uma quarta-feira. Ela lembra ainda que todos os pedidos que já fez nas festas de Alasitas das quais participou se tornaram realidade.
Na festa acompanhada pelo MigraMundo, que ocorreu no Memorial da América Latina, a tarefa de dar vida ao deus Ekeko foi do projetista boliviano Juan Cusicanki, natural de La Paz e que encarnou o personagem pela oitava vez seguida. Ele também atua como músico e ator e é um dos integrantes do coletivo cultural Kollasuyu Maya, que faz apresentações em diversos eventos de migrantes e da comunidade boliviana.
“É muito forte e emocionante representar esse mito para a sociedade boliviana, faz parte da história cultural andina. Esse personagem vem muito a calhar porque o universo está muito negativo e as pessoas possuem os seus sonhos”, explica Cusicanki, sobre os desejos representados pelas Alasitas e ofertados a Ekeko.
Dados da SPTuris apontam indicam que 60 ml bolivianos vivem em situação regular em São Paulo, fazendo dela a segunda maior comunidade migrante na cidade, atrás apenas dos portugueses. Estimativas extraoficiais, no entanto, que englobam também pessoas ainda sem documentação, apontam que o número real pode ser bem maior.
Consolidação e tentativa de unificação
Realizada em São Paulo desde 1999, a Alasitas passou a fazer parte do Calendário Oficial de Eventos da cidade de São Paulo em 2014, resultado de mobilizações da comunidade boliviana. Antes disso, a festa teve histórico de edições anteriores que chegaram a ser reprimidas com violência pela Guarda Civil Metropolitana por ser considerada irregular.
Neste ano a Alasitas ocorreu em dois pontos diferentes, organizada por diferentes grupos da comunidade boliviana -a associação Feira Kantuta ficou encarregada da festa no Memorial da América Latina e a Assembpol (Associação dos Empreendedores Bolivianos da rua Coimbra) respondeu pelo evento no Parque Dom Pedro. Em 2017, a festa aconteceu também em outros dois locais, a rua Coimbra e no bairro da Penha (zona leste).
Para uns, essa pulverização da festa é sinônimo de diversidade e opção de escolha; para outros, representa uma cisão que poderia ser superada. E um dos debates existentes na comunidade boliviana é de uma possível edição unificada para os próximos anos, começando já por 2019.
O vídeo abaixo, do portal parceiro Planeta América Latina, traz mais detalhes sobre esse acordo, firmado em dezembro de 2017. A festa seria organizada em conjunto pela Feira Kantuta e Assembpol, com apoio do Consulado Boliviano em São Paulo e da companhia aérea boliviana BoA.
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