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quinta-feira, março 28, 2024

Antigo hotel reúne passado e presente das migrações na Argentina

Por Rodrigo Borges Delfim

Na zona portuária de Buenos Aires, repleta de caminhões para carga e descarga de produtos e matérias-primas, é grande também o entra e sai de pessoas de todas as partes do mundo – em especial da América Latina – de uma portaria com fachada amarela. Por ela, chega-se a um pátio no qual estão as instalações da Divisão Nacional de Estrangeiros, órgão do Ministério do Interior argentino que cuida dos trâmites dos migrantes que buscam regularizar a situação no país.

No prédio principal, uma das primeiras construções de concreto armado da Argentina e que hoje abriga a maior parte das operações da instituição, funcionou entre 1880 e 1953 o Hotel dos Imigrantes, recebendo aqueles que chegavam ao país sul-americano em busca de uma nova vida. E parte dessa história está conservada no Museo de Migraciones, cuja entrada fica na lateral direita da antiga hospedaria – a inscrição que fica na fachada de entrada do museu não deixa dúvidas sobre as origens do prédio.

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O museu já existia desde 1997, mas foi fechado em 2010 para reformas e só retomou as atividades em outubro passado, após convênio firmado neste ano pelo Ministério do Interior com a Universidad Tres de Febrero (Untref), que ficou encarregada de cuidar das instalações pelos próximos dez anos – que também incluem um arquivo e biblioteca com acessos restritos a pesquisadores no terceiro andar. Além de restaurar e conservar o espaço, estão previstos para o futuro a instalação de uma livraria, um café e um elevador externo – do sexto andar, onde fica a exposição, pode-se ter uma bela visão da região portuária e central de Buenos Aires, além do rio da Prata. O custo estimado para as melhorias é de cerca de 2 milhões de pesos argentinos – em torno de R$ 750 mil.

Dentro do antigo hotel estão ainda as instalações do Centro de Arte Contemporâneo, que atualmente abriga a mostra “Olhares insubornáveis: imagens em presente contínuo”, uma videoinstalação curada pelo alemão Alfons Hug, que reúne obras de 16 artistas contemporâneos de 14 países, o argentino Sebastián Díaz, a afegana Linda Abdul, o uruguaio Martín Sastre e o chinês Chen Chie Jen entre outros.

Passado e presente no mesmo lugar

Localizado no sexto andar do velho edifício, o museu permite uma imersão dentro da história migratória argentina ontem e hoje, seja sozinho ou com visitas guiadas – que precisam ser agendadas previamente. O melhor é começar pela linha do tempo existente logo no começo da exposição, que resume a trajetória das migrações no país ao lado de dados relevantes na história argentina e mundial. De lá, fique à vontade para andar por onde quiser…

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Imagens, cartas, diários de desembarque e livros de registro dos migrantes, roupas e utensílios que usavam, e reproduções das instalações que ocupavam são alguns dos elementos que podem ser encontrados no museu.

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O fluxo atual de imigrantes, que compreende tanto pessoas de países vizinhos como de outras nações latinas ou de outros continentes, também está presente no Museo de Migraciones, em especial nos monitores que exibem depoimentos em vídeo de migrantes da República Dominicana, Coreia do Sul, China, Colômbia, entre outros.

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Tais histórias são um destaque à parte no museu porque permitem uma conexão entre passado e presente – ou seja, as migrações não são apenas um elemento histórico e formador, mas também um agente de transformação da sociedade argentina atual. Uma rápida caminhada pelas ruas de Buenos Aires mostra como também a temática migratória está presente no cotidiano local.

Registrar a história e permitir seu resgate é valioso para reconhecer o papel que tais imigrantes tiveram – e ainda têm – na formação das sociedades, seja na Argentina ou em outros países. E os erros e acertos do passado também são úteis como aprendizado para que as falhas não sejam repetidas no presente e no futuro.

Serviço:

Museo de Migraciones (Museu das Migrações, em tradução livre)

Avenida Antártida Argentina, 1350, bairro Retiro – Buenos Aires

Horário de funcionamento: Terça a domingo, das 12h às 20h.

Segundas e feriados: fechado

Entrada gratuita

Telefone: 54 11 4317-0285 (Secretaria)

E-mail: [email protected]

Crédito das imagens: Rodrigo Borges Delfim

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