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terça-feira, maio 7, 2024

Após três anos, Copa dos Refugiados é retomada com 7 etapas no Brasil e chega à Argentina; veja programação

Com direito a expansão para fora do Brasil, Copa dos Refugiados será retomada após quase três anos de paralisações, com o arrefecimento da pandemia

Por Dolores Guerra
Atualizado às 19h10 de 2.set.2022

Depois de uma paralisação forçada por conta da pandemia de Covid-19, a Copa dos Refugiados e Imigrantes será retomada com uma intensa programação neste segundo semestre. Ao todo serão sete edições regionais, uma nacional e uma internacional, que serão realizadas durante os meses de setembro, outubro e novembro. O pontapé inicial dessa maratona foi dado na última sexta-feira (26), em São Paulo, com o evento de lançamento do evento.

Sob o tema “Acolha a imigração: refúgio e migração são direitos humanos”, a Copa deste ano ocorrerá em sete capitais, além de uma edição nacional: Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Recife (PE) e Brasília. Haverá ainda uma edição na Argentina, cujo vencedor fará uma partida contra o vencedor da série brasileira.

Ao todo, 58 seleções farão parte da copa, reunindo 1.160 atletas de 48 nacionalidades.

O projeto social e esportivo organizado pela ONG PDMIG (Pelo Direito de Migrar), fundada e dirigida por pessoas migrantes e refugiadas, tem como objetivo “integrar pessoas refugiadas e migrantes na comunidade local, incentivar seu protagonismo, gerar uma agenda positiva e colocar em destaque a agenda global de migração e deslocamento forçado”.

A Copa recebe o apoio institucional do ACNUR (Alto Comissariado da ONU para Refuguados), da OIM (Organização Internacional para as Migrações), do Ministério da Justiça e Segurança Pública (representado pelo Conare, o Comitê Nacional para os Refugiados) e Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos. Há também parcerias com outros órgãos internacionais e nacionais, empresas públicas e privadas de diversos segmentos, bem como governos estaduais e municipais dos locais onde serão realizadas as partidas desta edição.

Do campo de terra para os estádios

O evento foi iniciado em 2014, no Centro Esportivo do Glicério, na região central de São Paulo, com o objetivo de proporcionar aos migrantes e refugiados uma atividade de inclusão e confraternização para a comunidades.

Nos anos seguintes, a Copa se expandiu para outras cidades brasileiras,com jogos realizados em estádios como a Arena do Grêmio, em Porto Alegre, e o Pacaembu, em São Paulo. Em 2019, a última edição da Copa aconteceu em cinco estados brasileiros (RS, PR, SP, RJ e PE) e no Distrito Federal, contando com a participação de 1230 atletas.

O representante do ACNUR no evento, Miguel Pachioni, alertou para o retrocesso na qualidade de vida da população migrante durante a pandemia de coronavírus. Nesse sentido, Abdulbaset Jarour, coordenador da etapa paulista da Copa, lamentou o advento da pandemia de COVID-19 que impediu a realização do evento por 3 anos. Já sobre as potencialidades da pessoa migrante, Jarour afirmou que “a gente veio aqui, com certeza, para construir, para colaborar com a construção do Brasil, como está lá na história do Museu da Imigração”.

O camaronês Simon Oxy, que integra a organização do evento, declarou que “a Copa chegou até à Argentina porque na Argentina também tem imigrantes, principalmente os brasileiros que vivem lá”. Nesse caso, caso o time brasileiro vença o campeonato no país vizinho, enfrentaria o time campeão no Brasil. Ainda para Oxy, isso demonstra que todos “podemos nos encontrar como imigrantes” e que “o mundo se constrói com a imigração”

Protagonismo e visibilidade

Além das partidas de futebol, o evento oferece ainda oficinas diversas, direcionadas a crianças e mulheres.

Segundo o congolês Jean Katumba, atual presidente da PDMIG, esta “não é a Copa para os refugiados, não é a Copa com os refugiados, é a Copa dos refugiados”. Segundo ele, a missão do projeto consiste em dar visibilidade, estimulando que os municípios contemplem a temática migratória e criem políticas públicas específicas, criando uma torcida espontânea para essas populações. Katumba explica que o acolhimento vai além de doações por parte dos brasileiros, mas também de conhecer a realidade migrante e de torcer para seu sucesso.

Para a presidente do Conselho municipal de Migrantes de São Paulo, a advogada congolesa Hortence Mbuyui, “a Copa dos Refugiados é um símbolo do protagonismo para os imigrantes”. Durante sua fala, ela parabenizou os imigrantes e refugiados da cidade de São Paulo, considerando-os um exemplo, não somente para o Brasil, mas também para o mundo.

Entre os frutos da luta desta população, Mbuyui mencionou a criação do Conselho Municipal de imigrantes, que é um espaço para os imigrantes da cidade de São Paulo se articularem para exigir que seus direitos humanos sejam respeitados e que assim possam conquistar a dignidade. Ou seja, o acolhimento seria apenas o primeiro passo, sendo necessário apostar na integração, para que o imigrante possa fluir como um cidadão.

No entanto, questionou o fato de o evento esportivo ser referido no exterior apenas na perspectiva de uma política pública do estado brasileiro e não privilegiar a iniciativa imigrantes no país de acolhida.

Annely Nobre, representante da OIM, destacou que o evento ajuda para que o imigrante possa ser visto como um ser humano, não apenas sob o prisma “um pouco utilitarista do imigrante como mão-de-obra que gira a economia”. Para Nobre, a Copa demonstra uma outra face da integração que converge com os valores da OIM, demonstrando que “todas as pessoas são iguais em direitos independente da nacionalidade e condição migratória”. Ainda declarou que o entendimento mais justo de suas vivências, serve como mecanismo de empoderamento para uma migração segura, ordenada e digna.

Uma das representantes do poder público local no evento, a secretária municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Soninha Francine, destacou a importância do estado apoiar as atividades que promovam os direitos humanos. Ela ainda mencionou algumas iniciativas da Prefeitura sob a temática migratória, como o Conselho Municipal da Pessoa Migrante, o projeto Portas Abertas, que ensina português brasileiro nas escolas municipais, independente do status migratório no Brasil e o CRAI, cujos atendimentos são realizados em 8 idiomas. E reforçou a existência de canaisde denúncia de violações de direitos, como o telefone 156.

Programação

As datas confirmadas para os jogos em cada estado estão descritas na imagem abaixo:

A etapa paulista, que ocorre no mês de setembro e reúne o maior número de times, detalhou o calendário nas imagens abaixo:

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