Série de atrações ajuda a dar uma ideia da diversidade de talentos e vozes que estão ajudando a enriquecer o cenário cultural da cidade
Por Willians Santos
Em São Paulo
O que é música Africana? De gringos, refugiados ou imigrantes? Difícil responder estas perguntas, mas, o fato é que esta semana o público da pauliceia desvairada terá a oportunidade de conhecer alguns artistas que vem internacionalizando a cena musical da cidade de São Paulo.
De diferentes nacionalidades e continentes alguns músicos e musicistas que nossa equipe registra aqui apresentam-se em diversos espaços da cidade e participam de eventos acadêmicos nesta semana. Listamos apenas alguns eventos.
As apresentações tiveram início nesta quarta (28), com o Grupo Maobé no bar Palestino Al Janiah. Localizado próximo à avenida 13 de Maio, bairro boêmio da cidade, entra no palco do evento que ocorre toda quarta feira, o Gringa Músic.
O grupo Maobé surgiu na cidade de São Paulo em meados de 2018 seus integrantes são os togoleses Edoh, Tyno, Koffi, Messan, Esse, Ayiko, Edemos, Topry e Nokplime. Sua proposta tem por princípios a cultura Mandiga e o Vudu; suas referências musicais trazem o melhor da tradição e a contemporaneidade da África subsaariana com ritmos percussivos do Togo, Benin, Burkina Faso e Gana.
Junto a música há uma performance corporal onde são apresentados a dança Tibó, Sakpatá e Idjombi; seus cantos são referencia à história do Império Daomé. Por fim, o grupo também tem um repertório de voz e violão. Eles já se apresentaram neste ano no SESC Pompeia, SESC Belenzinho – no evento Refúgios Musicais -, no carnaval Africano do Gringa Music no Al Janiah, dentre outros. Para Maobé, África é ancestralidade e ancestralidade é arte.
O Gringa Music é uma proposta idealizada pelo cantor e compositor congolês Yanick Delass. O evento, que ocorre às quartas-feiras no bar Al Janiah, contou com uma edição na biblioteca Mario de Andrade durante o segundo semestre deste ano. O projeto, segundo seu idealizador, “(…) é um palco móvel de música do mundo de alta qualidade onde se apresentam os músicos imigrantes residentes em São Paulo. O objetivo desse projeto é revolucionar a cena musical na cidade de São Paulo oferecendo uma boa estrutura aos músicos imigrantes”.
Na biblioteca “(…) o programa trouxe produções musicais dos imigrantes residentes em São Paulo, no intuito de promover a diversidade cultural na cidade. Imigrantes oriundos dos mais diversos países da África, Europa, Ásia, Oriente Médio, América Central e América Latina se apresentarão às sextas-feiras”, conforme o músico.
Dia 30/11, sexta feira, as 19h na biblioteca ocorrerá a apresentação do grupo colombiano Edwin Ospina. E no sábado, as 15h, haverá uma festa de encerramento no mesmo espaço com apresentações do baterista e compositor Otis Selimane Remane (Moçambique), o sexteto de Cumbia Pipo e Su Sabor (Chile) e a cantora Irene Atienza (Espanha).
Debate e cultura
Durante o II Forum Fontié Ki Waze/Fronteiras Cruzadas, que acontece nesta semana e vai até 1º de dezembro na ECA-USP, a cantora sul-africana Nduduzo Siba participou de mesa de debates e fez apresentações nesta quinta (29): a mesa “Contra apartheids locais e globais” e apresentação musical às 20h30. O fórum é dedicado aos migrantes e refugiados em São Paulo e propõe discutir as “(i)mobilidades globais e diásporas contemporâneas”.
Nduduzo Siba é uma multi-artista, de raízes Zulu, que faz parte do elenco da peça “Inútil canto e inútil pranto pelos anjos caídos”, escrita por Plínio Marcos e encenada pela Turma 66 da EAD-USP dirigida por Rogério Tarifa. A cantora já fez apresentações musicais no Gringa Music (Biblioteca Mario de Andrade), SESC Bom retiro (dia da Consciência Negra) e no Instituto Thomie Othake com o Bale da Cidade de São Paulo, dentre muitos outros lugares.
Além do lado artístico há uma campanha em defesa do direito da multi-artista “Nduduzo Siba tem voz” de permanecer no Brasil. “(…) A campanha em solidariedade à Nduduzo foi lançada no dia 8 de março – dia internacional da mulher – por uma rede composta por artistas, ativistas, professores e estudantes (…) busca apoiar a luta de Nduduzo pelo direito de permanecer no Brasil, defendendo a revogação do decreto de expulsão publicado pelo Ministério da Justiça em seu nome e dando visibilidade ao trabalho artístico que vem sendo desenvolvido por ela”, conforme fonte da cantora.
Quem participa do mesmo evento e faz apresentação musical é Lenna Bahule. A cantora, compositora e intelectual da cultura moçambicana que tem um álbum lançado no Brasil o “Nômade” (2016) que posteriormente se tornou um projeto musical com integrantes do Brasil e Uruguai, participará do debate “Trabalhadores\as migrantes e projetos culturais” no dia 30 de novembro as 14h.
No sábado (01/12), se apresenta no Itaú Cultural com João Taubkin. “Os dois músicos se conheceram em 2015, quando trabalharam juntos no projeto Gumboot Dance Brasil”. A parceria apresenta um trabalho em que “unem suas vozes – ele no baixo, ela na percussão – em um show com repertório autoral, que constrói uma ponte imaginária entre Brasil e Moçambique”, conforme divulgação oficial.
Outra cantora de língua portuguesa que se apresenta na quinta feira é a angolana Jéssica Areias. Há pouco mais de 6 anos no Brasil, ela tem um repertório sofisticado que navega entre a música popular do país, o samba, a bossa nova, o fado e até uma canção dedicada aos indígenas guaranis do Brasil.
Areias faz uma parceria com Candy Mel (Banda Uó) em um “papo musical com personalidadxs do mundo LGBTQI’s, suas trajetórias como ícones de resistência, inseridxs na cultura contemporânea e entremeado com músicas de artistas que acompanham estas experiências”, segundo a Unidade.
Jéssica tem um álbum lançado no Brasil o Olisesa licença em Umbundo onde seu repertório está presente. Ela já fez várias apresentações na cidade: FNAC, Gringa Music, além de apresentações em Portugal.
Apresentações Musicais:
Gringa Músic apresenta o grupo Togoles Maobé:
[https://www.facebook.com/events/116064809341499/]
Gringa Music:
Um viva aos colombianos com Edwin Ospina:
[https://www.facebook.com/events/2083907075208513/]
Festa de encerramento da Gringa Músic:
[https://www.facebook.com/events/494688471041649/]
Taubkin e Bahule- Lançamento Taubkin e Bahule- Itaú Cultural
[https://www.facebook.com/events/1085522918284165/]
Transversando com Candy Mel e a Cantora Jéssica Areias
[https://www.sescsp.org.br/programacao/170810_TRANSVERSANDO]
Campanha Nduduzo tem voz: https://www.facebook.com/NduduzoTemVoz/
Fontié Kwaze Fronteiras Cruzadas (i)mobilidades globais e diásporas contemporâneas. De 28 de novembro a 1º de dezembro, ECA (Escola de Comunicação e Artes).
[https://www.facebook.com/pg/fontieforum/posts/?ref=page_internal]
por que quando se trata de africanos, são chamados de imigrantes, mas quando os europeus vão para África para realizar seus objetivos os chamamos simples pelo seus nomes, seus atributos de função, de expatriados? será estão tão cego para enxergar que tem um preconceito bem estruturado quando se trata da África? por que não podiam apresentar esses trabalhadores pelo nome do grupo e nacionalidade? isso incomoda tanto vocês? desculpam mas está na hora de mudarmos porque o mundo não pode continuar assim. Obrigado por me compreender.