Com colaboração de Eva Bella
O frio e a chuva marcaram presença, mas não foram suficientes para atrapalhar o Campeonato Multicultural promovido com refugiados e brasileiros neste sábado (04), no Colégio Santa Cruz, zona oeste de São Paulo.
O evento, que chega à sua segunda edição (teve o nome de Copa do Mundo do Refugiados no ano passado), foi uma iniciativa do Adus, com apoio do Atados, e contou com a presença de centenas de refugiados e migrantes de diversas nacionalidades. Cerca de 60 voluntários do Adus e do Atados foram mobilizados para ajudar na realização da festa.
Uma das atrações do dia foi um campeonato de futebol entre um time que representou o Brasil e mais cinco seleções formadas por imigrantes e refugiados: Mali, República Democrática do Congo, Gâmbia, Burkina Faso e Haiti.
Ao final do dia, o grito de “é campeão” coube à seleção do Mali. Depois de um empate em 1 a 1 no tempo normal, os malineses superaram Burkina Faso nos pênaltis por 3 a 0 e celebraram ao som do DJ que animava a festa. No ano passado, o título ficou com o Haiti.
Apesar da derrota na final, os jogadores de Burkina Faso saíram de cabeça erguida. Entre eles, o ajudante de cozinha Noufou, 24, que fez o gol que levou a final para a decisão por pênaltis. “Fiquei muito feliz em participar da Copa e fazer o gol a quatro minutos do fim”, diz ele, que mora há um ano no Brasil e já apresenta bom domínio do português.
Paulo Illes, coordenador de políticas para imigrantes da Prefeitura de São Paulo, representou a Secretaria Municipal de Direitos Humanos no evento e parabenizou a atividade. “São Paulo é a cidade do mundo, dos imigrantes e dos refugiados”. Ele também integrou o time do Brasil no torneio, que foi formado por integrantes de instituições que lidam com migrações e refúgio – como ACNUR, o próprio Adus, Atados e o Centro de Referência e Acolhida para Imigrantes (CRAI).
Hora de esquecer os problemas
Além do futebol, a atividade contou com arte, música de diversos tipos, comidas, recreação para crianças e muita descontração por parte dos voluntários e dos migrantes. “Eles adoram esse tipo de evento. É um momento no qual eles podem esquecer um pouco dos problemas e se divertem muito”, destaca Ana Cláudia Madaleno, uma das voluntárias do Adus que estiveram à frente da organização da festa.
O malinês Issa Konare, 37, que vive há dois anos em São Paulo, era um dos migrantes presentes à festa. E além do título conquistado no campo pelo time do Mali, também celebrou a oportunidade de participar da festa. “É um momento muito importante para nós, estamos muito contentes de estarmos aqui”, comenta.
Morando há quatro meses no Brasil, o artista plástico congolês Israel aproveitou o dia para expor alguns quadros que já pintou desde que chegou ao país. “Apesar de todas as dificuldades que vivo aqui, a experiência tem sido boa. E é importante ter essa oportunidade de expor meu trabalho”, resumiu.
Ana Claudia adianta que uma nova atividade, mais focada na parte cultural dos migrantes e refugiados, está prevista para setembro. E além da boa aceitação pelos migrantes, dá um outro exemplo da importância de eventos como o do último sábado. “Uma festa como essa, que aproxima brasileiros e refugiados, é fundamental para quebrar preconceitos. Aqueles brasileiros que participam saem com outra visão sobre o que é o refugiado”.