Por Géssica Brandino, do Caminhos do Refúgio
No dia em que o Senado aprovou o impeachment de Dilma Rousseff e a população saiu às ruas em protesto contra Michel Temer, o bar Al Janiah, criado no centro de São Paulo por refugiados sírios palestinos e integrantes da causa palestina, como o Movimento Palestina para Tod@s (Mop@t), foi alvo de bombas de gás lacrimogêneo lançadas pela Polícia Militar paulista.
Desde a inauguração, em janeiro deste ano, são promovidos ali debates sobre temas da política nacional e internacional, com reflexões e bate-papos. As comidas ali servidas são feitas por três refugiados sírio-palestinos e o dono do estabelecimento, Hasan Zarifi, é filho de refugiados palestinos e integrante do Mop@t.
Após o primeiro ataque, na noite de quarta-feira (31/8), a página oficial do Al Janiah no Facebook divulgou nota comunicando que apenas o local foi alvo de bombardeios na rua e que não havia nenhum protesto naquela rua. No momento em que as bombas foram atiradas, músicos de diversos países se apresentavam no local e funcionários e clientes foram atingidos pelo gás.
“Não acontecia nenhum tipo de protesto ou movimentação na rua e apenas nosso estabelecimento que sofreu o ataque. Quando alguns membros da nossa equipe saíram e avisaram aos policiais que ali era um bar e restaurante, eles mandaram mais duas bombas. A jam session, com músicos de diversos países do mundo, que acontecia foi brutalmente interrompida”.
Em entrevista ao portal G1, Hasan detalhou a ação contra o Al Janiah. “Estavamos tendo um sarau com alguns shows de música, quando a PM jogou cerca de quatro bombas na calçada do restaurante, de cima do Viaduto Nove de Julho”, relatou. “Tinha cerca de 30 pessoas ali, que dispersaram na hora”.
No dia seguinte, a cena se repetiu e o Al Janiah foi novamente bombardeado pela PM. O ataque foi registrado por uma cliente do bar que descreveu o momento no Facebook. “Dentro do Al Janiah agora, criança, bebê, polícia jogando bomba”.
Foram diversas as manifestações de solidariedade ao Al Janiah, como a feita por judias e judeus não-sionistas:
Nós, integrantes da equipe do MigraMundo, também manifestamos nosso repúdio a quaisquer atos repressivos praticados de forma deliberada pela Polícia Militar de São Paulo contra o Al Janiah, um espaço de diálogo sobre migração e refúgio. Acreditamos no direito à livre manifestação e na democracia. Atitudes fascistas como as praticadas pela PM paulista contrariam tais princípios e devem ser denunciadas pela sociedade.