Vindas em geral de países da América Central, em especial fugindo da violência e procurando encontrar parentes que já estão vivendo nos EUA, milhares de crianças tem se arriscado em tentar entrar no país por meio da fronteira com o México.
Segundo o Serviço de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA, um total de 56.557 crianças foram detidas ao cruzar a fronteira entre os Estados Unidos e o México desde outubro de 2013 até junho de 2014. Outras estimativas extraoficiais apontam que 2014 deve terminar com um total de 90 mil delas tomando esse caminho.
E a exemplo dos demais imigrantes que se submetem a essa jornada, tais menores ficam sujeitos à toda sorte de perigos e abusos que, não raramente, chegam a ter a própria vida como preço pago.
Para jogar luz e conscientizar sobre essa realidade, a ONG Human Rights Watch (HRW) lançou recentemente a campanha “Torn Apart” (Separados, em tradução livre do inglês), em parceria com a revista Time e a iniciativa The People’s Portfolio, do fotógrafo anglo-greco Platon. Ela consiste em fotografias e filmagens de imigrantes, cujos relatos tocantes de famílias separadas realçam a necessidade urgente do governo dos EUA de levar adiante uma vasta reforma na imigração e que garanta direitos humanos básicos para os imigrantes.
“As histórias daqueles que anseiam por um reencontro com suas famílias, que esperam se tornar novos cidadãos americanos, e que sofrem tanto na busca por seu sonho, nos lembram que a imigração não é uma questão meramente política ou econômica”, conta Grace Meng, pesquisadora da Human Rights Watch. “A reforma na imigração é necessária parta proteger direitos humanos básicos, inclusive direitos que são parte central da vida e da História dos Estados Unidos”, completa.
Questão internacional
A migração infantil tem despertado preocupação dentro e fora dos Estados Unidos, inclusive da Organização das Nações Unidas (ONU), que clama a Washington e aos governos dos países de origem e trânsito dessas crianças por uma solução conjunta e coordenada para o problema.
“Crianças desacompanhadas, incluindo aqueles menores de sete anos, estão fazendo essa jornada perigosa, muitas vezes confiando em redes de tráfico humano inescrupulosas que as expõem a danos, exploração e abusos”, disse o secretário-geral da entidade, Ban Ki-monn, na última quarta (16), em mensagem à Conferência Internacional sobre Migração, Infância e Família, em Tegucigalpa (Honduras), que reuniu representantes de El Salvador, Guatemala, México, Estados Unidos e integrantes da Organização de Estados Americanos (OEA).
A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) recentemente lançou o relatório “Crianças em fuga”, que revela o impacto humanitário dessa situação, ao analisar o caso de 404 crianças desacompanhadas que deram diferentes explicações sobre o porquê de deixar os seus lares.
Com informações do portal Telemundo, ONU e da Human Rights Watch
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