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quarta-feira, dezembro 25, 2024

Com gás e chutes, polícia expulsa migrantes de praça em Paris; chocado, ministro ordena investigação

O ministro do Interior, Gérald Darmanin, ordenou abertura de inquérito sobre “imagens chocantes de violência policial”; 500 pessoas foram retiradas de suas tendas na praça da República na noite de ontem.

Nesta terça-feira, a França amanheceu com as imagens chocantes de policiais evacuando um acampamento de 500 pessoas migrantes, a maioria afegãos, na noite de ontem, 23 de novembro, em Paris. Veja aqui as primeiras as cenas filmadas pela agência de notícias francesa France Presse.  

Ontem à noite, o ministro do interior, Gérald Darmanin, chamou as imagens de “chocantes” e exigiu um relatório da prefeitura de Paris se explicando, além de ter ordenado a abertura de inquérito perante a polícia nacional para investigar o que ele categorizou de “violência policial”.

Emissora francesa France 24 divulga imagens da operação policial em acampamento de migrantes na Praça da República em Paris na noite de segunda-feira.

Tal categorização do ministro é cheia de significado político, pois vai de encontro com uma fala do presidente da República Emmanuel Macron em 2019. Após ter sido questionado sobre eventuais repressões e violência por parte da polícia durante as manifestações dos coletes amarelos, o presidente francês Emmanuel Macron respondeu: “não me fale em repressão nem em violência policial, essas palavras são inaceitáveis em um Estado de direito”. E depois continuou “você me fala de repressão e eu te digo que é falso (falar em repressão)”.

Operação policial

Os migrantes decidiram acampar na Praça da República, uma das principais da capital francesa, para se fazerem vísiveis, uma vez que elas andam errantes pela cidade sem ter onde dormir há semanas.  É o que relataram profissionais de associações que os acompanham e que estavam no local para protestar contra o tratamento do governo a essa população.

Duas horas após a instalação de tendas, a polícia chegou ao local com bombas de gás lacrimogênio e cassetetes. Nas imagens, polícias são vistos virando as tendas de cabeça para baixo ainda com pessoas dentro delas. Dentro de uma das tendas estava um homem que, após ter a tenda virada, caiu no chão para logo em seguida ser empurrado po um agente de polícia e ter a sua tenda arremessada para longe.

Tudo isso ao som dos gritos de protestos misturado com o barulho dos carros que passavam pelas ruas que circundam a praça. Jornalistas e passantes filmavam e fotografavam a cena, nas imagens filmadas pela rede de Televisão e Rádio France 24, um jornalista é encurralado por um policial com um cassetete na mão na frente de uma loja fechada.

“Pare! Pare!”, grita uma mulher que se colocou entre o jornalista e o policial. Atrás deles, uma câmera de televisão e três celulares filmavam a cena.

Na véspera do pronunciamento de Emmanuel Macron sobre as novas medidas para o desconfinamento, os jornais franceses dedicaram uma parte importante de seu noticiário ao ocorrido. O jornal conservador, Le Figaro, estampava em sua manchete, quatro horas antes do pronunciamento de Macron, o chute de um policial dado em um migrante. “Inquérito policial aberto”, afirmava o jornal. O “Le Monde” abriu uma aba “tempo real” para acompanhar as reações políticas do ocorrido.

Alojamento

A falta de lugares de alojamento é um dos principais problemas na França quando se fala em acolhimento de migrantes, mais especificamente de requerentes de asilo. Não foi informado a situação jurídica os migrantes que acampavam no local. Porém, se dentre eles houver requerentes de asilo,  a lei de asilo e de imigração do país reformulada em 2019, garante o direito a um “alojamento digno, além de acesso a alimentos e a tratamento médico durante todo o tempo que durar o procedimento legal”.

Porém, com a falta de planejamento para acolher tais pessoas, as cidades francesas assistem desde 2015 acampamentos serem criados nas bordas e nos centros de suas principais cidades. Paris, conhecida por sua crise de habitação devido ao crescimento da população e ao preço erxobitante do metro quadrado, não foge à regra.

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