Criada a partir dos relatos e experiências de refugiados em São Paulo, produção vai circular por Alemanha, Bélgica e Itália
Por Amanda Louise
Em São Paulo (SP)
Quais as formas para se abordar a temática acerca do refúgio? E como o fazer em lugares onde algumas fronteiras estão ficando cada vez mais estreitas para essas pessoas que são obrigadas a sair do seu país? A Cia. de Dança-Teatro Artesãos do Corpo utiliza o corpo como instrumento para provocar os espectadores quanto aos refugiados em seu projeto “Refúgio – ou como fixar raízes no concreto”.
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A performance, que já foi apresentada em São Paulo, será levada para dois festivais Europeus: Dia 30 de agosto, na Alemanha, e dia 1º de setembro, na Bélgica, no Festival Danse en Ville. E nos dias 29 e 30 de setembro, na Itália, no TBM-Festival Internacional de Dança Contemporânea.
Com símbolos que remetem ao conceito de raízes e deslocamento forçado, a performance-instalação é apresentada com depoimentos de pessoas que solicitaram refúgio no Brasil. No intuito de dar peso às histórias e experiências compartilhadas por eles na cidade de São Paulo, por considerá-las o atores que ajudam a compor novas raízes, seja no individual ou coletivo.
“É fundamental fazer com que essas vozes ecoem nos ouvidos e corações europeus, criando frestas e brechas poéticas para discutir uma questão tão fundamental no mundo contemporâneo”, explica Ederson Lopes, intérprete da companhia.
Mirtes Calheiros, socióloga, bailarina e fundadora da companhia, reforça a urgência de discutir e expor o tema. “Continuam tratando o refúgio como se não fosse um mero reflexo do próprio fracasso das sociedades mais bem situadas economicamente. E o são causando justamente a pobreza e miséria que faz com que a imensa massa humana vague pelo planeta em busca de um lugar para não morrer”. Ainda lembrou do confronto recente entre brasileiros e venezuelanos, o que, segunda Mirtes, fez com que o Brasil retrocedesse como país com atitudes mais solidárias.
Corpo como espetáculo-intervenção
Formado por bailarinos, performers, atores e pesquisadores de artes cênicas, a Cia. de Dança-Teatro Artesãos do Corpo foi fundada por Mirtes em 1999 com o objetivo de elaborar apresentações que provoquem a sensibilidade dos espectadores com temas contemporâneos.
“Refúgio – ou como fixar raízes no concreto”, não é a primeira criação da companhia que aborda as imigrações e refúgios. Em 2016, apresentaram a peça “Tempo Suspenso”, espetáculo que também trata a migração do ponto de vista da perda e busca de um lugar.