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sábado, dezembro 21, 2024

Comunidade boliviana em São Paulo une fé, cultura e ato cívico em festa no Memorial

Evento celebrou os 192 anos da independência da Bolívia e as duas santas mais populares do país; presença brasileira nos grupos folclóricos chama a atenção

Por Rodrigo Borges Delfim e Antonella Vilugrón Pulcinelli
Em São Paulo (SP)

O Memorial da América Latina, em São Paulo, virou um pedacinho da Bolívia no último final de semana (dias 5 e 6/08). O motivo foi a 11ª Festa Boliviana Fé e Cultura, que celebrou os 192 anos de independência do país vizinho e ajudou a movimentar um pouco mais a numerosa comunidade boliviana residente na capital paulista.

De acordo com dados oficiais da SPTuris, os bolivianos formam a segunda maior comunidade migrante na cidade de São Paulo (60 mil), atrás apenas dos portugueses. Esse número, no entanto, pode ser bem maior. Estimativas extra-oficiais chegam a apontar em 400 mil o tamanho da comunidade.

Bandeiras do Brasil e da Bolívia em altar em homenagem às Virgens de Copacabana e Urcupiña, no Memorial da América Latina, São Paulo.
Crédito: Rodrigo Borges Delfim/MigraMundo

Cerca de 10 mil pessoas passaram pelo Memorial em cada um dos dois dias de festa, de acordo com a Associação Cultura Folclórica Bolívia-Brasil, organizadora do evento. A programação tinha início com desfiles cívicos e religiosos. Em seguida, entravam em cena as apresentações de 14 grupos folclóricos que representam as diversas regiões e costumes do país vizinho.

Ao final dos desfiles, em frente ao palco principal estava montado um altar com duas das santas mais populares da Bolívia, as Virgens de Copacabana e de Urcupiña. Cada um que se apresentava prestava sua homenagem ao passar pelo local, que contou ainda com a presença de autoridades bolivianas e brasileiras.

Grupos culturais prestam homenagem às Virgens de Copacabana e Urcupiña durante a Festa Boliviana Fé e Cultura, em São Paulo.
Crédito: Rodrigo Borges Delfim/MigraMundo

Para o boliviano José Ortiz Dourado, ver tal evento acontecendo no Memorial é gratificante e recompensa as dificuldades encontradas pela comunidade para expressar sua cultura. “Eu me sinto muito feliz por ver tudo isso acontecendo porque eu fui um dos que iniciou toda essa festa. Trabalhei no consulado da Bolívia por 41 anos, nesse período eu fiz um grupo musical e depois nós fomos crescendo. Depois de um bom tempo apareceu o Memorial e foi onde tivemos a oportunidade de falar com o governo para mostrar toda essa beleza”.

O apresentador e cantor folclórico Pepe Murillo, figura pública de renome na Bolívia, também acompanhou os desfiles em São Paulo e expressou orgulho pelo que viu no Memorial, ao ver sua pátria se fazer representada. “O país não está apenas nos limites de um mapa, mas também em outros lugares com os bolivianos e seus descendentes e admiradores da cultura boliviana”.

Grupos folclóricos representando as diversas regiões da Bolívia passaram pelo Memorial.
Crédito: Rodrigo Borges Delfim/MigraMundo

Pontes entre Bolívia e Brasil

Embora a participação da colônia boliviana na festa seja muito grande, a cada ano é possível encontrar mais pessoas de fora apreciando a rica cultura do país vizinho.

“Eu sou formado em Geografia e essa área cultural é algo que eu gosto muito de estudar. Vim de Limeira, interior de São Paulo passear um pouco por aqui, estava a um tempo querendo voltar aqui no Memorial e fiquei sabendo da festa. Estou achando tudo fantástico”. conta o geógrafo Rodrigo Beveck sobre a experiência de acompanhar a festa.

Grupo folclórico Caporales de San Simón se apresenta na Festa Boliviana Fé e Cultura.
Crédito: Rodrigo Borges Delfim/MigraMundo

Dentro dos grupos folclóricos é fácil encontrar não apenas bolivianos, mas também filhos de bolivianos, brasileiros sem ligação de parentesco com o país e pessoas de outras nacionalidades. Em comum entre cada uma delas está o apreço que sentem pela cultura do país vizinho, que pode ser notado em cada sorriso e passo de dança – antes, durante e depois das apresentações.

“A sensação de estar aqui é inexplicável. Da minha família sou a única que levo adiante a minha cultura. Para mim é
maravilhosa a sensação de subir aqui, e estar representando nossa pátria é inexplicável. Já faz uns 10 anos que eu danço, e apesar da minha mãe não falar muito eu consigo ver nos olhos dela o orgulho que ela tem de me ver participando”, conta a brasileira Esther Flores Fonseca, de mãe boliviana e pai paranaense.

Festa uniu fé, ato cívico e cultura da Bolívia no Memorial da América Latina.
Crédito: Rodrigo Borges Delfim/MigraMundo

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