Os tremores que abalaram o sul da Turquia e o norte da Síria, há quase dois meses, desencadearam também uma série de ações de solidariedade em prol da vítimas da tragédia no mundo todo, inclusive no Brasil. A comunidade turca residente no país foi um desses agentes mobilizadores e tem feito agradecimentos públicos aos que atenderam ao chamado.
A demonstração mais recente ocorreu no último dia 26 de março, quando bombeiros brasileiros que integraram a força-tarefa humanitária enviada à Turquia para ajudar nas buscas por vítimas foram recebidos pela comunidade turca em um Iftar, como são chamados os jantares que ocorrem em meio ao Ramadã, o mês sagrado dos muçulmanos.
Entre bombeiros, familiares e representantes da comunidade turca, cerca de 110 pessoas participaram do jantar. As mesas foram pensadas para contarem tanto com os socorristas quanto com turcos, muitos deles com parentes e amigos nas regiões mais afetadas pelo tremor. Também foram entregues lembranças aos convidados.
“Foram momentos muito emocionantes, de homenagens e de agradecimento mútuo. Alguns trocaram contatos telefônicos entre si”, relatou o turco Mustafa Goktepe, presidente e fundador do Instituto Pelo Diálogo Intercultural, promotor do encontro.
Vale lembrar que a comunidade turca é majoritariamente seguidora do Islamismo, que possui no Ramadã um período de reflexão. Ele inclui um jejum ao longo de todo o dia, que é quebrado somente à noite, em um grande jantar – a recomendação é que somente pessoas de fato saudáveis façam essa abstenção de alimentação durante o dia, sendo que enfermos e crianças estão dispensados.
Considerado como um dos abalos sísmicos mais fatais deste século, os números oficiais de mortos na Turquia e Siria atingem a casa dos 30 mil. A ONU, por sua vez, estima que até 50 mil pessoas tenham morrido com os desabamentos provocados pela tragédia.
Prestação de contas de campanha
Além disso, o Instituto Pelo Diálogo Intercultural – antigo Centro Cultural Brasil Turquia – ainda encabeçou uma campanha de arrecadação de recursos logo que vieram à tona as primeiras notícias do terremoto na Turquia, por meio do portal Vakinha e via PIX da própria entidade.
A campanha foi encerrada em 7 de março. E cumprindo uma promessa feita no lançamento, a entidade publicou em seu site a prestação de contas da mobilização.
Ao todo, foram arrecadados R$ 62.570, transferidos para o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR) para serem empregados nos esforços de apoio aos atingidos pelo terremoto.
A proposta inicial era de repasse desses recursos para uma instituição local. No entanto, ao longo do processo surgiram polêmicas sobre o fato dessas entidades receberem recursos a partir do exterior. Dessa forma, decidiu-se enviar o total arrecadado para o ACNUR.
Vale lembrar que boa parte da comunidade turnca no Brasil é ligada ao movimento Hizmet, perseguido pelo governo do presidente Recep Tayyip Erdogan.
Tanto o comprovante de transferência feita pelo instututo quanto a declaração de recebimento da doação por parte do ACNUR estão disponíveis no site do Instituto pelo Diálogo Intercultural.
“Agradecemos a todos que participaram, e torcemos que as dores sejam aliviadas com esta contribuição brasileira”, informou o instituto, por meio de nota.
Cerca de 1.000 turcos vivem no Brasil atualmente, segundo estimativa da própria comunidade. Um número que já foi maior e acabou reduzido pelas perseguições que sofreu nos últimos anos a partir do governo turco.
Muito obrigado por levar essa bela ação da nossa comunidade ao conhecimento da sociedade brasileira 🙏🏻