O Centro de Referência e Acolhida para Imigrantes (CRAI) de São Paulo e o Sefras (Serviço Franciscano de Solidariedade), entidade gestora do espaço, estão organizando uma campanha em apoio aos imigrantes que fazem cursos de português nas dependências do centro de referência.
O CRAI e o Sefras iniciaram cursos de português com imigrantes no ano passado, em parceria com o Núcleo Refazenda – que continua para mais este semestre. O primeiro módulo foi finalizado no mês de dezembro, no qual participaram ao todo 38 imigrantes, sendo que 16 deles conseguiram chegar até o final do módulo, em dezembro. Entre os alunos estava representantes de 9 nacionalidades: República Democrática do Congo (RDC), Bangladesh, Paquistão, Afeganistão, Síria, Palestina, Bolívia e Tunísia.
“Todos os obstáculos que a população migrante enfrenta para sua integração em nosso país são agravados pelos desafios da língua. Desta forma, além da luta diária pela promoção dos direitos da população imigrante, a demanda por cursos de português está sempre presente, sendo uma das principais urgências no trabalho das organizações e das políticas públicas. Um curso de português exige uma organização relativamente complexa, pois muitos significados são construídos em torno dele”, explica Fabio Ando Filho, assistente de gestão de projetos do CRAI e que coordena tanto o curso como a campanha.
No entanto, a questão do transporte é apontada como um dos elementos que mais atrapalham a participação dos imigrantes nos cursos, em virtude da distância para os locais onde residem. Por isso o Sefras resolveu fazer uma campanha de financiamento coletivo (crowdfunding) para ajudar a custear o transporte dos alunos.
As contribuições são feitas por meio do link abaixo. A meta é arrecadar R$ 6.400 até 4 de abril, quando a campanha se encerra.
http://www.kickante.com.br/campanhas/curso-de-portugues-para-imigrantes-2016
“As passagens pesam muito no orçamento dos alunos, alguns vêm de outras cidades, outros vêm em famílias inteiras, alguns estão desempregados, por isso, contamos com essa campanha e solidariedade para darmos continuidade ao nosso trabalho”, aponta Fabio.
Para este semestre a ideia é também abrir uma turma especialmente para crianças.
Curso é espaço de convivência
Fabio conta ainda que os cursos de português acabam indo bem além do ensino do idioma. As aulas se transformam em verdadeiros espaços de convivência entre eles, independente da nacionalidade.
“O curso acaba sendo também um espaço de convivência, de acolhimento, e uma referência para os alunos, que acabam nos trazendo outras demandas de suas vidas cotidianas. Por isso, temos também de propiciar uma boa estrutura para o desenvolvimento das aulas. Temos profissionais qualificados atuando como voluntários, material didático, lanche, espaço físico, acompanhamento sócio-assistencial, só nos falta ter condições de custear os gastos com transporte”.
O vídeo abaixo, feito no encerramento do primeiro módulo, mostra um pouco da convivência e de como são as aulas no curso.