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segunda-feira, dezembro 23, 2024

Da Catalunha para o mundo, um grito contra as mortes de migrantes nos mares

O relato e a manifestação são do mês de junho, mas a motivação continua mais do que atual. Pessoas de várias idades e comunidades se reuniram em Barcelona em defesa dos direitos de refugiados e migrantes de todo o mundo e denunciaram a negligência dos países europeus em relação aos que chegam ao continente

Texto e manifesto adaptado por Adama Saraiva, especial para o MigraMundo
De Barcelona (Espanha)

No dia 19 de junho de 2016, em razão do Dia Mundial das Pessoas Refugiadas (20 de junho), aconteceu em Barcelona, na Espanha, uma manifestação importante em prol da necessidade de auxiliar, defender e acolher as pessoas em busca de refúgio.

Diante da denominada “crise dos refugiados”, diferentes coletivos, entidades, sindicatos e partidos políticos, convocados pela Stop Mare Mortum, uniram-se para o que foi o ápice da semana internacional dos refugiados e que ocorreu em todo o território catalão.

Milhares de pessoas, sob os temas ainda pouco aclamados: “abram-se as fronteiras, queremos acolher”, “toda pessoa tem direito à vida, à liberdade, à segurança e a livre circulação” e “nenhuma pessoa é ilegal, em pleno domingo de sol de verão priorizamos reivindicar tudo o que todo um manifesto ditava.

Todos os presentes se basearam em reivindicar os direitos que têm as pessoas refugiadas e migrantes ao mesmo tempo em reivindicar as obrigações e deveres do Estado para com essas pessoas em especial. 

Publicamente, denunciamos o que muitos de nós vêm como irresponsabilidade, negligência e hostilidade por parte dos representantes políticos do Estado espanhol e dos demais países europeus diante do êxodo dessas pessoas que buscam um lugar seguro. Clamamos contra os que trancam as portas para mulheres, homens e crianças que necessitam proteção, contra seus impedimentos ao acesso legítimo de recursos e direitos legais e à manutenção de privilégios econômicos que são postos à frente de vidas humanas. Negando-lhes direito à livre circulação e às vias legais existentes, se lhes obriga a estarem expostos ao negócio impune que é o trafico de pessoas, às fronteiras militarizadas subordinadas, a regimes opressores, a arriscarem suas vidas.

Reclamamos com dor das muitas mortes que há mais de uma década seguem copiosamente a ocorrer no Mar Mediterrâneo e como o mar pode ser a única via de acesso, da vulnerabilidade dos direitos humanos.

Unimo-nos para exigir ao Estado espanhol e a todos os Estados da União Europeia que se cerquem das vias seguras previstas e para que as leis já incluídas nos Tratados Internacionais de Asilo e Direitos Humanos sejam aplicadas imediatamente. 

Denunciamos o acordo imoral para a deportação dos refugiados feito entre os estados da União Europeia e a Turquia – país este que desrespeita sistematicamente os Direitos Humanos.

Denunciamos as inaceitáveis ações policiais dos estados europeus e dos regimes que trabalham em contra das pessoas exiladas, destacando-se as repressões a atos voluntários e pacíficos, dispersão violenta e manejos forçosos a centros de detenções.

Reclamamos consciência social, compromisso e vontade política. Em prol de atuarmos juntos, com valores humanos, respeito, responsabilidade, solidariedade, esforço e empatia. 

Denunciamos condições médicas, sanitárias e alimentarias deploráveis.

Questionamos, sobretudo, a guerra, a indústria armamentista, a disputa econômica e política por trás de todo o contexto e resultado do que vemos: do menosprezo a vidas. Expressamos o nosso apoio a todos os povos que sofrem com guerras e à favor de suas lutas por liberdade e justiça social em contra de regimes ditatoriais e intervenções estrangeiras.

Expressamos a não aceitação ao que é uma crise humanitária mas de causas morais, políticas e econômicas.

Principalmente, estivemos ali para transformar as fronteiras que existem entre nós. Este, acredito que seja o verdadeiro e essencial ponto de partida.

E é esperançoso saber que somos muitos, em muitos lugares do mundo, que lutam e têm a consciência voltada ao bem comum e à integração de todos. Manifestações como estas contribuem significativamente para mudar uma dura e inaceitável realidade, dão força para a continuidade de uma luta que vale a pena e que, sabemos, transforma.

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