Edição deste ano do evento valoriza produções árabes, africanas e latinas; filme brasileiro abriu os trabalhos
Por Mariana Araújo
Em Barcelona
Teve início nesta terça (1º) em Barcelona a sexta edição do CineMigrante (Festival Internacional de Cinema e Formação em Direitos Humanos das Pessoas Imigrantes) em Barcelona. Até o próximo domingo (6) serão projetados em diversos locais da cidade e de maneira gratuita mais de 30 filmes, todos com a temática migrante e a perspectivas não ocidentais.
Além dos filmes, haverá também sessões especiais, workshops, exposições e mesas de debate. A programação pode ser acessada neste link.
O tema da atual edição é “Re Volver a el Futuro. Negro Disparo Hacia el Sol”, relacionado com as construções futurísticas desde as cinematografias não ocidentais e partindo desde os movimentos negros como o afrofuturismo, com filmes de ciência e ficção produzidos na África, América Latina e no mundo árabe.
A sessão inaugural contou com uma performance teatral de Silvia Albert e Luiz Felipe Lucas, membros do coletivo Tinta Negra – atores e atrizes negros que se uniram para combater o racismo na cena artística catalã -, show da banda Walabokk e a projeção do filme Era Uma vez Brasília, de Adirley Queirós.
O filme de Adirley escolhido para a abertura conta a história de um agente intergaláctico preso por ocupar terras particulares, que recebe uma missão de, em 1959, ir ao planeta Terra e matar o presidente da República do Brasil, Juscelino Kubitscheck, no dia da inauguração de Brasília. Mas, na ficção, sua nave aterriza em Ceilândia, a maior cidade satélite de Brasília e capital de sua prisão, e onde deve reunir um exército capaz de matar os monstros que habitam o Congresso Nacional. Tudo isso com gravações de rádio de momentos marcantes dos últimos anos da política brasileira, como a defesa da ex presidente Dilma no processo do Impeachment, votos de senadores e deputados e o discurso do ex presidente Michel Temer quando assume pós impeachment.
Toda essa distopia – que dialoga com a proposta do festival – tem, de acordo com o diretor, mostrar que narrativa periférica deve ser de quem vive a realidade das periferias (na qual se encontram boa parte dos migrantes mundo afora). “O filme é o que o diretor quer”.
Além de Adirley, na mesa inaugural estavam também a diretora do festival internacional CineMigrante, Flor Mazzadi, e o cineasta camerunês Jean-Pierre Bekolo, além da equipe técnica do festival.