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domingo, dezembro 22, 2024

Em encontro inédito, brasileiros e imigrantes se unem para desenvolver projetos de impacto social sobre a comunidade migrante

Por Rodrigo Borges Delfim

O que fazer para melhorar a recepção e integração de imigrantes e refugiados no Brasil? E além disso, como tornar essa ideia viável? Foi com esse propósito que cerca de 50 pessoas – entre brasileiros, imigrantes de 16 nacionalidades e uma apátrida – trabalharam em conjunto neste fim de semana em São Paulo.

Chamada de Dream-makers Creathon: Facilitando sonhos de novos brasileiros, a ação é tocada em conjunto pelo ACNUR (Alto Comissariado da ONU para Refugiados), Migraflix (ação social que empodera imigrantes por meio da cultura de cada um deles) e o Impact Hub São Paulo, que recebeu o evento. Refugiados e imigrantes também estiveram envolvidos na organização da atividade.

Em dois dias, os participantes foram divididos em cinco grupos, que desenvolveram um projeto cada. Para tal, partiram de conceitos de inovação e empreendedorismo social, design thinking, dados estatísticos e muita motivação em torno de uma mesma temática: fazer algo em prol daqueles que chegam ao Brasil em busca de uma nova vida.

Ao final do evento, cada grupo apresentou uma proposta, que recebeu feedbacks dos organizadores para ressaltar pontos fortes e questões a serem aprimoradas ou redefinidas para a próxima etapa do Creathon, que deve acontecer em agosto – e para o qual será possível a adesão de novas pessoas. Mais informações serão divulgadas em breve pelos organizadores.

Até lá, devem acontecer encontros prévios para aprofundar e complementar discussões que aconteceram ao longo do final de semana.

As ideias (até agora)

Os projetos que saíram do evento – mas que ainda devem receber ajustes ou até mesmo ser remodeladas e dar origem a outras ações – são os seguintes:

– Plataforma digital para imigrantes se integrarem e poderem se sentir em segurança no Brasil e em outras partes do mundo;

– Programa de promoção de hospedagem temporária e solidária para refugiados;

– Site de referência no qual o imigrante poderá se informar antes de chegar ao Brasil sobre serviços como carteira de trabalho, identidade, documentação, entre outros pontos;

– Consultoria que ajuda empresas a contratar refugiados e imigrantes – inclui curso inicial de português para os candidatos;

– Kit de boas vindas para imigrantes e refugiados que chegam ao Brasil;

Ineditismo do encontro e energia dos participantes

Reunir participantes de perfis tão diversos entre si, de formação profissional a nacionalidades e idiomas, por si só, já é um desafio à parte. Os organizadores também lembraram que ainda não havia acontecido no Brasil um evento de inovação social como esse, focado na temática migratória. Mas tanto a organização como os participantes mostraram satisfação com os resultados e otimismo com a continuidade do evento.

Para Rui Lopes de Barros, do Impact Hub São Paulo e que atuou como facilitador do encontro, este foi um dos grupos mais desafiadores que já encontrou, mas ficou feliz com o que viu. “É o primeiro evento dessa natureza, com essa diversidade, que eu facilito. E foi muito intenso, com um engajamento bonito de se ver. É só a primeira gota que derrubamos nesse balde que queremos encher até transbordar”.

O otimismo é compartilhado também pelo argentino Jonathan Berezovsky, diretor do Migraflix, que acredita que os maiores frutos ainda estão por vir. “Saíram daqui cinco projetos que ainda estão na etapa inicial, mas que vamos dar acompanhamento para que eles vão para a rua e tenham impacto nas comunidades imigrantes. Nas próximas semanas teremos uma ideia mais clara da importância que o evento teve, mas já foi um sucesso pelas experiências que as pessoas tiveram”.

A adesão à atividade surpreendeu o brasileiro Rafael Franco Costa, que destacou tanto a organização como a diversidade dos participantes, mas em torno de uma causa em comum. Acho legal encontrar pessoas com a mesma sintonia. E te deixa com a vontade de fazer mais, de concretizar esses projetos”.

Já o refugiado palestino Leon Diab viu na atividade uma forma de mudar os preconceitos e rótulos que em geral recaem sobre os refugiados. “Sinto que as pessoas aqui tem um pensamento diferente, que querem mudar esses estereótipos. Aqui foi uma grande oportunidade para exercitar a mente, com pessoas de diferentes formações, experiências e nacionalidades. Estou muito grato em participar desse evento”.

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