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terça-feira, abril 23, 2024

Em evento, refugiados tomam parte, buscam voz e apoio junto à sociedade

Com colaboração de Lya Amanda Rossa

O Centro Cultural Jabaquara, na zona sul de São Paulo, foi testemunha de parte da diversidade cultural trazida por imigrantes e refugiados para o Brasil. Organizado pelo GRIST (Grupo de Refugiados e Imigrantes Sem Teto), o evento “Quebrando as barreiras culturais com grupos de imigrantes e refugiados”, realizado no último dia 15, teve com objetivo a aproximação dos migrantes e brasileiros, além de quebrar barreiras que em geral causam distanciamentos e preconceitos.

Para isso, foi feita uma verdadeira maratona cultural no local, com cerca de 12 horas de atrações que iam de venda de artesanato e roupas a apresentações musicais e debates densos sobre a situação de países que geram refugiados e deslocados dentro e fora das próprias fronteiras. Na programação estavam grupos culturais da República Democrática do Congo, Haiti, Togo e Bolívia. Já a parte gastronômica contou com a presença dos refugiados palestinos da ocupação Leila Khaled.

“Quando uma pessoa chega aqui ela já tem uma cultura, e podemos compartilhar essa cultura. Isso nos aproxima dos brasileiros”, mostra o congolês Pitchou Luambo, coordenador do GRIST.

Evento teve venda de produtos preparados pelos próprios refugiados e imigrantes. Crédito: Amanda Rossa
Evento teve venda de produtos preparados pelos próprios refugiados e imigrantes.
Crédito: Amanda Rossa

A ideia do evento é que ele seja mensal – informações podem ser obtidas no grupo do GRIST e na comunidade Refugiados, Eu Me Importo no Facebook. Para a edição do dia 15, por exemplo, Luambo conta que o Centro Cultural Jabaquara e o transporte dos organizadores e das atrações foi conseguido com ajuda do CRAI (Centro de Referência e Acolhida para Imigrantes) da Prefeitura de São Paulo, que levou o pedido à Coordenação de Políticas para Imigrantes (CPMig) da prefeitura.

“Queremos vocês como porta-vozes”

Um dos pontos de destaque do evento foi um debate entre Luambo e outros três refugiados congoleses que exibiu um documentário sobre a situação no país. A República Democrática do Congo (ex-Zaire), situada no coração da África e o segundo maior país em extensão no continente, é rica em recursos minerais, o que tem motivado guerras de todo o tipo. Além disso, há conflitos que foram alimentados e aprofundados pelos países que colonizaram tanto o Congo como outras nações africanas. São esses fatores, somados aos abusos e perseguições cometidas em meio a eles, que geram deslocamentos forçados por todo o país – e muitos desses deslocados se tornam refugiados em outras nações.

A advogada congolesa Hortense Mbuyi criticou o silêncio da mídia e da comunidade internacional em relação à situação vivida pelo país natal. “O que se fala sobre as questões do Congo, os crimes contra a humanidade que acontecem lá? Ninguém divulga isso. Apenas os próprios congoleses sabem de verdade sobre a situação no Congo”. Um dos exemplos citados por Hortense é a exploração e a violência que as mulheres sofrem no país.

É esse silêncio em relação ao Congo e à situação de outros países que geram refugiados que os organizadores do evento desejam quebrar. “Queremos que vocês sejam nossos porta-vozes”, resumiu Guy-Baudoin Wazime, outro congolês presente ao debate. Mais conhecido como Guido, ele escreveu um livro sobre a situação do Congo e atualmente estuda tradução e interpretação.

O vídeo abaixo, chamado “Crise no Congo – Revelando a Verdade”, mostra que os relatos apresentados pelos refugiados são uma triste realidade.

O que é o GRIST?

O GRIST foi criado em 2014, com o objetivo de promover debates, eventos e palestras que visibilizem a causa dos refugiados em São Paulo, além de promover iniciativas culturais para expressar diferentes facetas de ser refugiado no Brasil. Para isso, ele é organizado em torno de quatro núcleos de atuação: saúde, música, moradia e educação.

A venda de camisetas como a da campanha “Refugiados, Eu Me importo” é uma das poucas formas de arrecadação de recursos por parte do GRIST, que dentro do possível vai cumprindo o papel para o qual foi idealizado.

“Não somos um grupo de assistencialismo, mas sim de luta pelos nossos direitos”, ressalta Luambo sobre o GRIST.

 

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