Atualizada às 16h30 de 15.set.2023
Organizações diversas que atuam com a temática migratória no Brasil expressaram pesar pesar pela morte da trabalhadora humanitária Daniele Nogueira Milani, aos 39 anos, que atuava como consultora da OIM (Organização Internacional para as Migrações) em Roraima. Ela foi vítima de um acidente automobilístico na tarde da última terça-feira (12), na BR-174, quando ia de Boa Vista para Pacaraima.
O carro da agência da ONU em que ela estava, junto com outros quatro ocupantes, todos integrantes da OIM, capotou no trecho da comunidade indígena Boca da Mata, na região de Pacaraima. A Polícia Militar suspeita que o acidente tenha ocorrido após o motorista desviar de um buraco na pista e perder o controle da direção.
Segundo a OIM, os demais ocupantes do veículo foram resgatados e levados ao Hospital Geral de Roraima e estão recebendo todo o apoio necessário.
Daniele Milani era economista de formação pela UnB (Universidade de Brasília), mestre em Ciência e Política Pública pela Universidade de Bristol (Reino Unido) e pós-graduada em Relações Internacionais pelo Ibmec. Ao longo da carreira acadêmica e profissional desempenhou diversas atividades ligadas à temática migratória e humanitária, especialmente no Reino Unido. Ela atuava junto à OIM em Roraima desde junho passado.
Em nota, a OIM manifestou pesar pela morte de Daniele e ressaltou o trabalho que ela desempenhou junto à agência, que ainda anunciou luto de um dia em razao do ocorrido.
“A dedicação e compromisso de Daniele serão sempre lembrados por seus colegas. Sua contribuição e impacto na organização foram evidentes. Neste momento de imensa tristeza para a equipe da OIM, a Organização expressa seus mais sinceros sentimentos aos familiares e oferece seu apoio irrestrito”.
Comoção
Outras manifestações de pesar foram expressadas por agências das Nações Unidas, como o ACNUR (Alto Comissariado da ONU para Refugiados), ONU Mulheres, UNAIDS, entre outras.
“Prestamos nossa solidariedade, e nos colocamos incondicionalmente à disposição para oferecer qualquer apoio necessário”, escreveu o ACNUR.
Diferentes entidades humanitárias, envolvidas direta ou indiretamente com a temática migratória, também se posicionaram e enviaram condolências aos entes mais próximos da trabalhadora humanitária.
“Manifestamos solidariedade aos familiares e amigos de Daniele e a todos os colegas da OIM. Esperamos que as pessoas que ficaram feridas no acidente ocorrido em Roraima possam recuperar-se o mais rapidamente possível”, disse a ONG Médicos Sem Fronteiras.
“Nos solidarizamos com os parentes e amigos neste momento de extrema dor e torcemos pela rápida recuperação dos demais envolvidos no acidente”, reforçou a Associação Nacional das Defensoras e Defensores Públicos Federais (Anadef).
“Externamos as nossas condolências e nosso afetuoso abraço à equipe da OIM e aos seus amigos e familiares nesse momento. Desejamos ainda plena recuperação para os outros quatro trabalhadores humanitários envolvidos no acidente”, manifestou ainda o Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados.
O governo brasileiro, por meio do Ministério das Relações Exteriores, também se manifestou. “A OIM trabalha em estreita cooperação com o Brasil na assistência a migrantes, retornados, deslocados internos e comunidades de acolhida. Neste momento de extremo pesar, o Itamaraty transmite aos familiares e amigos da vítima, assim como à Organização, sinceras condolências e deseja plena recuperação aos colaboradores feridos”.
Rodovia em más condições
A BR-174 é a única ligação terrestre de Roraima com o restante do Brasil, atravessando o estado de sul a norte. São cerca de 200 quilômetros entre Boa Vista e Pacaraima, trecho percorrido com frequência por veículos de agências da ONU e da Operação Acolhida. Além disso, outros 782 quilômetros que separam a capital roraimense de Manaus, já no Amazonas, por onde escoa boa parte da produção agrícola do Estado e chegam alimentos e combustíveis.
Apesar dessa importância, a rodovia, aberta no período da ditadura militar, é conhecida há tempos pelo mau estado de conservação, repleta de buracos e com problemas de sinalização. Além disso, conta com vários trechos ainda sem pavimentação. Em períodos chuvosos, parte da via chega a ficar intransitável.
Ao MigraMundo, pessoas que atuam junto à temática migratória relataram na condição de anonimato que a situação da estrada é motivo constante de preocupação. Grande parte dos profissionais que trabalham no esforço de acolhida da migração venezuelana no Estado utiliza com frequência o trecho entre a capital Boa Vista e Pacaraima, na fronteira com o país vizinho.
Já na quarta-feira, a Defensoria Pública da União (DPU) enviou ofício ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) no qual cobra obras emergenciais de revitalização da rodovia BR-174. A Defensoria sustenta que a rodovia federal se encontra com elevado grau de deterioração, o que traz riscos a quem trafega por ela. Isso inclui tanto a população venezuelana migrante quanto os moradores de Pacaraima e da capital roraimense e os trabalhadores que prestam assistência humanitária na região.
Com informações de G1-RR e Agência Brasil