Falar e debater a migração por meio do cinema, além de servir como ponto de encontro e momento de cultura e entretenimento. Esse foi o desafio comprado pelo Microcine Migrante, iniciativa que teve sua estreia oficial no último domingo (12) em São Paulo.
E a receptividade do público é um bom indicativo de que o projeto pode ir bem longe. Cerca de 140 pessoas, entre brasileiros e imigrantes, lotaram o auditório do Museu da Imigração para a primeira das 25 projeções previstas para este semestre, em diferentes pontos de São Paulo ligados à temática migratória.
A programação e os locais de exibição de cada uma das próximas projeções podem ser consultados no site do Microcine Migrante e também na página do grupo no Facebook.
De cinema a teatro na rua
A programação começou às 17h, com a exibição de quatro curtas no auditório do Museu da Imigração: 100% Boliviano, Mano, (Luciano Onça, Alice Riff – Agência Pública, 2013);
Circuito Interno (Julio Martí, 2010); Vidas Ausentes (Ronaldo Dimer, 2015) e À Margem (Leonardo Neumann, 2013). Após os filmes, diretores e atores das produções falaram com o público presente sobre a importância de se falar de migração e também da relação pessoal de cada um com o tema, seja por interesse pessoal ou mesmo por vivência familiar.
“É importante entender como a nossa cidade está acolhendo os migrantes. Apesar de ser uma cidade de migrantes eu tenho observado um preconceito, uma resistência a eles, até mesmo xenofobia. Temos uma missão importante de mostrar e trabalhar com uma ideia de que somos todos iguais”, diz o cineasta Luciano Onça, um dos diretores do curta 100% Boliviano, Mano, baseado na vivência que teve com jovens brasileiros e de outros países da América Latina durante as filmagens.
Após o debate, a programação continuou do lado de fora do Museu com a apresentação do Grup Atopani, do Togo, que agitou o público com música e dança e o chamou para interagir. O vídeo abaixo dá uma ideia de como foi a performance.
O grupo togolês foi ainda o responsável por conduzir o público para o restaurante Obrigado Minha Mãe, de culinária malinesa. Lá, em frente ao estabelecimento, aconteceu a apresentação do grupo teatral Benkadi, também do Mali, que encenou episódios e dificuldades que malineses e outros imigrantes vivem no cotidiano em São Paulo.
Impressões
O primeiro dia do Microcine Migrante deixou uma boa impressão tanto junto ao público que acompanhou as projeções e debates como naqueles que também foram ao restaurante.
“Foi uma boa experiência ver os próprios migrantes atuando, ver outro tipo de trabalho e expressão dar visibilidade aos imigrantes”, opina Bianca Carolina, mestranda no Prolam (Programa de Pós-Graduação Interunidades em Integração da América Latina da USP).
Já Bruno Rafael de Matos Pires, estudante de Ciências Sociais, veio ao evento por curiosidade de ver o cinema envolvido com migração e elogiou os movimentos que buscam inserir o migrante na sociedade de forma horizontal, sem imposições. “Acho legal que os próprios migrantes protagonizam essa inserção – reivindicam, participam com as danças e outros aspectos culturais. E eles não estão sozinhos, todos nós somos descendentes de imigrantes”.
Para o malinês Adama Konate, dono do restaurante Obrigado Minha Mãe e um dos anfitriões da noite, a divulgação e expansão de iniciativas como o Microcine Migrante é fundamental para o migrante e para derrubar as barreiras que impedem a integração com a sociedade. “A gente precisa da ajuda de vocês para que nós e nossa cultura sejam conhecidas e valorizadas no Brasil”.
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