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sábado, dezembro 21, 2024

Evento na USP debate a condição dos imigrantes e refugiados na Europa

Por Glória Branco

“Era a primeira vez que Samba via o mar… Olhou para os navios de carga que seguiam para o norte e para o frio. Pareciam navios militares, de difícil acesso. Preferiu subir num bote de pesca, mesmo sabendo que alguns dos homens amontoados no fundo do convés morreriam ao longo da travessia – e que poderia estar entre eles.”

A narrativa acima descreve a árdua jornada do imigrante malinês Samba Cissé, que deixa para trás a miséria para tentar uma vida melhor em Paris, França. A história fictícia é contata no livro Samba da escritora e cineasta Delphine Coulin e inspirou o novo filme dos diretores de Intocáveis.

Uma ficção que conta com veracidade a realidade dos milhares de imigrantes e refugiados que sonham em viver na Europa. O risco de subir em uma embarcação que pode ou não ter condições de viajar em segurança não é considerado quando ameaças, conflitos perseguições e miséria estão à espreita como uma realidade implacável. Os governos da União Europeia afirmam preocupação com o problema dos imigrantes, mas poucos demonstraram qualquer interesse em ajudá-los de fato, oferecendo-lhes refúgio.

Foi sobre esse assunto que no dia 10 de junho aconteceu em São Paulo o debate “Mediterrâneo: um mar de hipocrisia”, organizado pelo coletivo de extensão universitária “Educar para o Mundo” no auditório do Instituto de Relações Internacionais (IRI) da Universidade de São Paulo (USP).

O debate falou sobre as mortes no Mediterrâneo e a incapacidade da Europa em ser solidaria aos imigrantes que tentam chegar ao continente em embarcações clandestinas e precárias. A mesa do evento foi composta por: Álvaro de Vasconcelos, professor colaborador do IRI, ex-diretor do Instituto de Estudos de Segurança da União Europeia e co-fundador do Instituto de Estudos Estratégicos e Internacionais (IEEI), em Lisboa; Laís Azeredo, pesquisadora e doutoranda em Relações Internacionais e que trabalha como assistente de proteção da Caritas Arquidiocesana de São Paulo; e Adriana Capuano, professora-adjunta na Universidade Federal do ABC (UFABC).

A íntegra do debate foi gravada e está disponível no YouTube e no player abaixo:

Os imigrantes e refugiados que tentam chegar à Europa são em sua maioria sírios, afegãos, somalis e eritreus. Mais de 80 mil pessoas já chegaram à costa europeia este ano. Em 2014, mais de um quarto de um milhão de imigrantes tentaram atravessar o Mediterrâneo, dos quais 3.702 morreram. Desde 2000, cerca de 22 mil imigrantes e refugiados do Oriente Médio, Ásia e África morreram afogados no mar ao longo da travessia.

“A crise de migração no continente europeu não é uma novidade, infelizmente mortes ocorrem há muito tempo”, afirma Lais Azeredo.

IRI-USP recebeu o debate "Mediterrâneo: um mar de hipocrisia". Crédito: Educar para o Mundo
IRI-USP recebeu o debate “Mediterrâneo: um mar de hipocrisia”.
Crédito: Educar para o Mundo

A difícil escolha de viver na Europa

As principais rotas escolhidas partem da Líbia ou da Turquia, desembarcando na Itália. E muitos também viajam por terra passando pela Turquia e chegando a Bulgária ou Grécia.

Vistos como criminosos, os imigrantes e refugiados que conseguem fazer a travessia e chegar à Europa passam a viver como irregulares no país de acolhida até que recebam o visto de residência, que pode demorar muito para ser aprovado. Entretanto, a crescente xenofobia tem transformado os imigrantes e refugiados em uma ameaça para o continente e banalizado o mal.

“Uma onda de anti-imigração tem tomado conta da Europa com o desenvolvimento de correntes políticas de extrema direita”, informa o professor Álvaro de Vasconcelos.

O controle das fronteiras marítimas reforça a preocupação da Europa com a “invasão” dos imigrantes e refugiados. Em 2013, a Itália lançou a operação “Mare Nostrum”, que salvou cerca de 150.000 imigrantes em um ano. Em outubro passado, a operação chegou ao fim e entrou em vigor a operação Triton comandada pela Frontex, agência da União Europeia para gestão das fronteiras.

Debate deixou lotado o auditório do IRI-USP. Crédito: Educar para o Mundo
Debate deixou lotado o auditório do IRI-USP.
Crédito: Educar para o Mundo

Organizações humanitárias criticaram o fim da “Mare Nostrum” e afirmaram que a nova operação é um esquema para proteger as fronteiras e não as pessoas. Segundo o professor Álvaro de Vasconcelos, apesar de a imigração ser um direito de todas as pessoas, os imigrantes e refugiados que chegam a Europa são violados em seus direitos e tratados como ilegais. “A União Europeia tem um plano militar para destruir os barcos que atravessam o Mediterrâneo impedindo a entrada de novos imigrantes. Ao invés de incentivar a paz, fomenta mais fogo e guerra”.

Tragédia de abril

Após a morte de 800 imigrantes em abril deste ano, líderes da União Europeia se reuniram a fim de discutir medidas para solucionar a crise. Um plano de ação com 10 medidas para lidar com a situação foi apresentado e destacam-se o compromisso de aumentar as operações de busca e resgate destinando aviões e outros equipamentos para a operação Triton, bem como a autorização para capturar e destruir embarcações clandestinas utilizadas por quadrilhas criminosas que atuam no Mediterrâneo.

Todavia, pouco foi sugerido para salvar vidas em curto prazo. Os planos para um sistema de cotas, por exemplo, não são bem aceitos. Alguns países não respeitam a cota mínima da União Europeia para a acomodação de refugiados e não estão abertos para receber os refugiados e imigrantes que chegam o continente.

Atualmente, cabem às organizações humanitárias o papel assistencial no resgate dos imigrantes. A Anistia Internacional e a Médico Sem Fronteiras buscam reforços em todo o mundo para ajudar as pessoas deslocadas por conta de guerras e pobreza. A sociedade civil nos países europeus também tem contribuído com o salvamento de pessoas auxiliando com dinheiro, roupas, alimentos e remédios.

A migração como um problema

“O que incomoda tanto nas imigrações na Europa é uma visão equivocada que a incivilização está invadindo a civilização”, colocou em debate Adriana Capuano, professora da UFABC. “Há alguns anos eram os europeus que saiam de suas terras buscando uma vida melhor nos quatro cantos do mundo e agora são os pobres e refugiados da África e do Oriente Médio que procuram por isso, e de alguma forma são impedidos.”

Entretanto, a imigração europeia se mostra como um forte impulso de crescimento a um continente que está em declínio com as recentes crises econômicas em alguns países do bloco e socialmente, com o envelhecimento do continente. “Desde o século XIX, o mundo tem se beneficiado do fluxo migratório, a França é um exemplo de como a força de trabalho dos imigrantes ajuda no crescimento econômico”, lembrou Adriana.

Um chamamento a União Europeia no enfrentamento da crise atual é resgatando as bases de sua própria fundação. São nos princípios de humanidade, solidariedade e respeito aos direitos humanos que o mundo espera ver a solução da crise humanitária no Mar Mediterrâneo.

maio/2015- Estreito da Sicília, Itália- Mais de 2 mil imigrantes foram resgatados pela Marinha italiana entre os dias 1º e 3 de maio no Mar Mediterrâneo, entre Lampedusa (ITA) e Líbia.  Crédito: Marina Militare
Estreito da Sicília, Itália- imigrantes são resgatados pela Marinha italiana entre os dias 1º e 3 de maio no Mar Mediterrâneo, entre Lampedusa (ITA) e Líbia.
Crédito: Marina Militare

“Para os europeus o Mediterrâneo tem uma carga positiva de ligação dos povos, precisamos resgatar nossas origens e não virar as costas aos imigrantes mais vulneráveis no mundo” enfatiza o professor Álvaro de Vasconcelos, ele mesmo refugiado português na França no final dos anos 60.

“O Mediterrâneo precisa deixar de ser o mar de hipocrisias para ser o mar de paz, democracia e direitos humanos”, finaliza Álvaro de Vasconcelos.

 

  1. Esses miseráveis invasores afro-asiáticos na Europa, além de serem imbecis burros, ainda são perversos sadomasoquistas que se enfiam no rabo do capitalismo da Alemanha, Áustria, Inglaterra, França, Suécia, Suíça, Holanda e ect. em vez desses parasitas imbecis sadomasoquistas se enfiam no rabo do “paraíso de merda socialista” em Cuba, Venezuela, Angola, Moçambique, Coreia do Norte e outros países de merda comunista! Esses porcos miseráveis devem ser transportados a força nos países comunistas para viverem “bem” lá e “construir o socialismo”! Pra o inferno com esses vagabundos estrangeiros da Europa Capitalista!

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