“Estou eliminando políticas ruins”. Assim o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou a repórteres na Casa Branca quando assinou decretos na última terça-feira (2) que revogaram algumas medidas do seu antecessor, Donald Trump, quanto à imigração.
Uma das medidas é a criação de uma força-tarefa para promover a reunificação de familiares separados por políticas de imigração adotadas pela gestão anterior. Esse grupo irá reunir representantes dos imigrantes e do governo para buscar maneiras de reaproximar parentes e crianças que perderam contato, além de tomar medidas para garantir que essa prática não ocorra mais.
A separação de famílias de imigrantes foi um das grandes polêmicas do governo Trump, que tinha no rechaço à imigração — incluindo a documentada — como uma de suas principais bandeiras.
Logo ao tomar posse, em 20 de janeiro, o democrata assinou outras seis ordens referentes à imigração, incluindo a suspensão das obras de ampliação do muro na fronteira com o México — outra bandeira da gestão Trump.
Outras medidas, mais profundas, como um plano para regularizar os cerca de 11 milhões de imigrantes sem documentos — algo semelhante à população da cidade de São Paulo —, são mais complexas e demandam colaboração do Congresso.
Mudança de rota garantida?
Joe Biden venceu a eleição contra Trump tendo como promessa reverter em um curto espaço de tempo várias das medidas polêmicas tomadas pelo seu antecessor. Entre elas estão várias decisões ligadas à questão migratória. Pelo menos até o momento o democrata parece estar em linha com o que declarou na campanha presidencial.
Há um consenso que vê os democratas como mais sensíveis a questões sociais do que os republicanos. No entanto, esse critério definitivamente não se aplica quando o assunto é imigração nos Estados Unidos, como mostra o histórico dos últimos presidentes.
O novo presidente foi vice durante os oito anos de governo de Barack Obama (2009-2017), que chegou a ser apelidado de “chefe das deportações”.
Outro exemplo é o ex-presidente Bill Clinton que, apesar de considerado democrata, os próprios simpatizantes ao partido sentiam tons conservadores em suas propostas migratórias.
Segundo o Migration Policy Institute, mais de 12 milhões de pessoas foram deportadas durante a gestão de Bill Clinton; mais de 10 milhões de pessoas foram deportadas durante a administração do republicano George W. Bush; mais de 5 milhões de pessoas foram deportadas durante o governo Obama.
Proporcionalmente, um número maior de migrantes foi mandado embora ou retornou ao seu país de origem nos primeiros anos em que Obama governou o país em comparação aos primeiros de Donald Trump: enquanto o democrata deportou 1,18 milhões de pessoas em seus primeiros três anos de gestão, o republicano deportou um pouco menos de 800 mil, segundo o The Washington Post. Este fato foi um dos argumentos de Trump contra Joe Biden, o qual deve carregar o legado de Barack Obama.
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