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segunda-feira, dezembro 23, 2024

Jogos ajudam a chamar a atenção e sensibilizar para a situação de refugiados

Indo além do óbvio, jogos digitais têm contribuído para trazer visibilidade, oportunidades e empatia sobre refugiados mundo afora

Por Laura Terra

Não é de hoje que os jogos de animação são utilizados como recurso para conscientização ou educação de crianças e adolescentes ao redor do mundo. Além disso, muitas vezes, são os responsáveis por aguçar a criatividade, capacidade lógica, dentre outros benefícios. E também podem ser usados para fins que vão além do entretenimento e do ensino, como o apoio e conscientização sobre a situação de refugiados.

Durante a guerra da Síria, por exemplo, milhares de pais preocupados incentivavam seus filhos a ficarem dentro de casa jogando os jogos digitais para evitar que saíssem na rua durante o conflito das forças armadas.

Foi assim que começou a história de Jack Gutmann, inicialmente chamado de Abdullah Karam, que durante sua infância presenciou a guerra na cidade de Hama, na Síria. Hoje, é um dos fundadores do jogo Path Out, que permite que qualquer pessoa possa se colocar no lugar de um refugiado pelo menos uma vez na vida – nem que seja em um game.

Jogos como estes são importantes não só para mostrar a vida e os desafios passados por quem precisa pedir refúgio longe de sua cidade natal, como também, e principalmente, para trazer mais conscientização e respeito da população com essas comunidades.

É fundamental atrair olhares e se colocar no lugar dessas pessoas para tentar compreender a necessidade de políticas públicas mais acessíveis e que tragam de fato mais oportunidades. E para isso, com certeza, os jogos podem ser ótimos aliados. 

Conheça abaixo alguns dos principais jogos digitais, seja para celular ou computador, que trazem consigo a ideia de passar adiante a importância de um pouco mais de conscientização com os refugiados ao redor do mundo.

Bury Me, My Love

Bury Me, My Love é um jogo de celular baseado em fatos reais, onde uma emigrante síria viaja para a Europa em busca de refúgio. Fundado por Florent Maurin, o jogo possui versões para iPhone, Android e Nintendo Switch.

Através da gamificação, o jogador principal encarna o papel de Majd, um rapaz que decide ficar na Síria para cuidar de sua mãe e avó enquanto a esposa Nour precisa emigrar para a Europa. A narrativa é de ficção, mas 90% das histórias relatadas são baseadas em experiências reais.

Path Out

No Path Out, o jogador percorre o caminho desafiador que Jack Gutmann passou ao sair da Síria aos 18 anos, correndo o risco de ser convocado pelo exército, rumo à Turquia.

No estilo de jogo japonês, o personagem principal é o próprio Jack que veste uma camiseta amarela – a mesma utilizada em sua difícil trajetória. Lançado em 2017, o jogo já venceu premiações internacionais devido à habilidade de trazer atenção para um problema sério. 

My life as a refugee

Desenvolvido pelp Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR), “My life as a refugee” é um jogo de celular que, como o próprio nome já sugere, permite que qualquer pessoa tenha um pouquinho da ideia do que é a vida de uma pessoa refugiada.

O lançamento fez parte da campanha de conscientização de 2012 pelo Dia do Refugiado, e permite que através de um ambiente virtual, o jogador consiga enfrentar situações parecidas com as vividas por aqueles que deixam praticamente tudo para trás. 

Embora o game esteja inativo nas lojas de aplicativos para celulares Android e iOS, vale a menção pela iniciativa. Ele foi tema de um dos primeiros textos do MigraMundo, ainda em 2013.

Salaam

Salaam significa “paz” em árabe e é o nome dado a um jogo lançado em 2016 por Lual Mayen que, enquanto ainda bebê, precisou percorrer com os pais uma distância de 350km para fugir de uma guerra civil em seu país de origem, Sudão do Sul. 

O jogo tem como principal objetivo trazer conscientização sobre a vida de um refugiado que precisa escapar com a família de uma zona de guerras. Atualmente, Lual Mayen é CEO de uma empresa de games.

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