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quinta-feira, dezembro 26, 2024

Karine e família, uma luta por moradia que teve final feliz

Por Cáritas RJ – texto e fotos

Maio de 2015

“Quando chegamos ao Brasil, não sabíamos onde estávamos. Ouvi uma língua que nunca tinha ouvido na vida. Como meu marido é comerciante, reconheceu o português quando alguém falou ‘bom dia’. Achamos que estivéssemos em Portugal. Até que uma pessoa nos disse que era o Brasil. Comecei a chorar. Pensei: o que estou fazendo no Brasil?”

Karine desembarcou no Rio de Janeiro, em fevereiro deste ano, ao lado do marido e do filho. Solicitantes de refúgio da República Democrática do Congo, eles decidiram deixar o país para escapar da violência que assolava sua região.

Karine, em maio de 2015
Karine, em maio de 2015

“O governo ameaçou atacar os rebeldes que viviam na minha vila. Fomos até a fronteira com Ruanda e vendemos o que tínhamos, inclusive as alianças de casamento. Embarcamos num avião e nem sabíamos para onde estávamos indo. Estávamos muito nervosos.”

“No Congo, eu trabalhava como recepcionista de hotel e guia de turismo. Aqui ainda não consegui emprego. O problema é a língua. Preciso aprender o português primeiro. Meu filho já sabe um pouco. Ele pega algumas palavras com os vizinhos que vêm fazer carinho nele. Já começou a dizer ‘mamãe’ e a falar ‘tá booom’ quando come.”

Acolhida inicialmente por um pastor, a família hoje vive de favor com outros congoleses. Mas o desejo é ter um lar próprio.

“Meu marido começou a trabalhar com limpeza numa empresa de segurança. Com o primeiro salário dele, queremos encontrar um lugar para morar, mas não temos dinheiro para comprar os utensílios básicos de cozinha. No Congo tínhamos tudo. Não é fácil ter vivido o que vivemos. Os vizinhos vêm e perguntam se precisamos de alguma coisa. São muito carinhosos. Nos sentimos realmente integrados à sociedade. O Brasil nos deu tudo. Só queremos nos estabelecer, estudar e trabalhar.”

Um mês depois, a ajuda

Muitas pessoas se sensibilizaram com a história de Karine e entraram em contato com a Cáritas RJ para ajudá-la.

No último dia 8 de junho, ela nos contou que havia enfim conseguido alugar uma casa para viver com o marido e o filho. Coincidentemente, tínhamos um presente para ela: uma doação, entregue na semana passada, de utensílios domésticos para seu novo lar. Liquidificador, cafeteira, talheres, pratos, canecas, entre outros itens, que ajudarão a congolesa e sua família a seguir em frente no Brasil. Emocionada, ela agradeceu o gesto. “Nunca vou esquecer o que essa pessoa fez por mim. Ela trouxe uma grande alegria à minha vida. Muito obrigada.”

Karine, um mês depois, com casa nova.
Karine, um mês depois, com casa nova.

Para saber como ajudar os(as) refugiados(as) e solicitantes de refúgio que vivem no Rio de Janeiro, basta entrar em contato com a Cáritas RJ pelo email [email protected].

Textos publicados originalmente na página da Cáritas RJ no Facebook

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