Por Cáritas RJ – texto e fotos
Maio de 2015
“Quando chegamos ao Brasil, não sabíamos onde estávamos. Ouvi uma língua que nunca tinha ouvido na vida. Como meu marido é comerciante, reconheceu o português quando alguém falou ‘bom dia’. Achamos que estivéssemos em Portugal. Até que uma pessoa nos disse que era o Brasil. Comecei a chorar. Pensei: o que estou fazendo no Brasil?”
Karine desembarcou no Rio de Janeiro, em fevereiro deste ano, ao lado do marido e do filho. Solicitantes de refúgio da República Democrática do Congo, eles decidiram deixar o país para escapar da violência que assolava sua região.
“O governo ameaçou atacar os rebeldes que viviam na minha vila. Fomos até a fronteira com Ruanda e vendemos o que tínhamos, inclusive as alianças de casamento. Embarcamos num avião e nem sabíamos para onde estávamos indo. Estávamos muito nervosos.”
“No Congo, eu trabalhava como recepcionista de hotel e guia de turismo. Aqui ainda não consegui emprego. O problema é a língua. Preciso aprender o português primeiro. Meu filho já sabe um pouco. Ele pega algumas palavras com os vizinhos que vêm fazer carinho nele. Já começou a dizer ‘mamãe’ e a falar ‘tá booom’ quando come.”
Acolhida inicialmente por um pastor, a família hoje vive de favor com outros congoleses. Mas o desejo é ter um lar próprio.
“Meu marido começou a trabalhar com limpeza numa empresa de segurança. Com o primeiro salário dele, queremos encontrar um lugar para morar, mas não temos dinheiro para comprar os utensílios básicos de cozinha. No Congo tínhamos tudo. Não é fácil ter vivido o que vivemos. Os vizinhos vêm e perguntam se precisamos de alguma coisa. São muito carinhosos. Nos sentimos realmente integrados à sociedade. O Brasil nos deu tudo. Só queremos nos estabelecer, estudar e trabalhar.”
Um mês depois, a ajuda
Muitas pessoas se sensibilizaram com a história de Karine e entraram em contato com a Cáritas RJ para ajudá-la.
No último dia 8 de junho, ela nos contou que havia enfim conseguido alugar uma casa para viver com o marido e o filho. Coincidentemente, tínhamos um presente para ela: uma doação, entregue na semana passada, de utensílios domésticos para seu novo lar. Liquidificador, cafeteira, talheres, pratos, canecas, entre outros itens, que ajudarão a congolesa e sua família a seguir em frente no Brasil. Emocionada, ela agradeceu o gesto. “Nunca vou esquecer o que essa pessoa fez por mim. Ela trouxe uma grande alegria à minha vida. Muito obrigada.”
Para saber como ajudar os(as) refugiados(as) e solicitantes de refúgio que vivem no Rio de Janeiro, basta entrar em contato com a Cáritas RJ pelo email [email protected].
Textos publicados originalmente na página da Cáritas RJ no Facebook