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sábado, novembro 23, 2024

Livro reúne artigos de 22 autores para debater a mobilidade humana contemporânea

Publicado pela editora EDUC, livro aborda a temática das migrações por meio de artigos de pesquisadores de diferentes áreas acadêmicas

Uma abordagem multidimensional para o debate das migrações contemporâneas e suas especificidades, tais como interculturalidade, gênero, dominação, xenofobia e deslocamentos internos: é esse desafio que o livro “Migrações em expansão no mundo em crise” se propõe a abordar.

Possibilitado por meio do edital de financiamento à publicações da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), o livro começou a ser pensado em 2018 por seus organizadores, Dulce Maria Tourinho Baptista e Luís Felipe Aires Magalhães, em grupos de estudos voltados ao tema das migrações.

Clique aqui para baixar o livro (gratuito)

Publicado pela editora EDUC, o livro debate a mobilidade humana contemporânea por meio de três eixos principais, nos quais artigos de pesquisadores multidisciplinares convidados discorrem sobre diferentes objetos de estudo.

A curadoria feita pela professora da Faculdade de Ciências Sociais e pelo pós-doutorando no Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais da PUC-SP oferece um retrato das migrações contemporâneas por meio de um conjunto de questões políticas, sociais e econômicas.

“Somos convidados a considerar a migração a partir de uma perspectiva multidimensional, caracterizada por crises como a do capital, ascensão do pensamento e práticas políticas de ultradireita, xenofobia, intolerância à interculturalidade étnica e racial, mas também pela organização, mobilização e fortalecimento de grupos sociais, entre eles, migrantes que reivindicam direitos e justiça social” escreveu José Carlos Alves Pereira, editor da Travessia – revista do migrante e assessor da Missão Paz, no prefácio da obra.

O livro

Composto por 14 artigos de 22 autores – incluindo os organizadores -, Migrações em expansão no mundo em crise se propõe a ser uma obra “diversa e orgânica”, nas palavras de Luís Felipe Aires Magalhães, um dos organizadores da publicação.

 “O que aproxima esses grupos e esses pesquisadores é justamente isso, a crença de que a migração é um fato social total, isto é, um fenômeno que perpassa e condiciona a vida de todos e todas, migrantes ou não. A ideia do livro nasce daí, de uma concepção crítica e sensível sobre o momento em que vivemos e a crescente importância das migrações.” comentou Luís Felipe, em conversa com o MigraMundo.

Foto: Divulgação

Segundo o organizador, não é possível entender a complexidade da temática de migrações através de apenas uma perspectiva. “A migração não cruza apenas fronteiras físicas. Ela cruza também fronteiras simbólicas, como as representadas pelas áreas do conhecimento, os campos do conhecimento acadêmico. Acho que somente assim que conseguiremos promover troca e construção coletiva de conhecimento. Quem pesquisa migração está o tempo todo em multidisciplinaridade, e o livro expressa bem isso” completou Luís Felipe.

“O livro é, antes de tudo, um encontro e um convite. Um encontro entre pesquisadores, buscando dar vazão às suas pesquisas. E um convite, não apenas à leitura mas, especialmente, à empatia, ao cometimento social. Afinal devemos pesquisar para compreender; e compreender para transformar” observou Luís Felipe.

Foi dada liberdade aos autores para a escolha de objeto, método e escalas espaço-temporais, tendo sido  solicitado apenas originalidade, criticidade, rigor e sensibilidade, “o que não foi difícil, pois essas são justamente características deles” apontou Luís Felipe.

Eixos de discussão

Visando uma publicação que contemplasse as principais dimensões das migrações contemporâneas, a curadoria feita definiu três eixos principais: Capitalismo e migrações; Fluxos migratórios em análise: haitianos, congolesas, bolivianos e nordestino; e Múltiplas dimensões dos movimentos migratórios: interculturalidade, vulnerabilidade, políticas sociais, habitação e migração qualificada,

No primeiro momento, os artigos focam em questões estruturais da relação entre a mobilidade humana contemporânea e processos econômicos. O segundo eixo aborda temas mais específicos em termos de fluxos migratórios e produção simbólica do sujeito migrante e suas narrativas. Por fim, a terceira e última parte sintetiza múltiplos aspectos das migrações internacionais contemporâneas e a mobilidade humana como um fato social.

Por ter sido finalizado entre 2019 e 2020, a publicação não debate os efeitos da pandemia da COVID-19 sob os imigrantes e a migração em geral. Entretanto, para Luís Felipe “ isso não quer dizer que ele não seja útil para entender o que está acontecendo, pelo contrário: ao analisar as desigualdades sociais, as condições de moradia, as territorialidades, as restrições, estruturais e simbólicas, no acesso aos direitos e a inserção laboral caracterizada por precariedade e super exploração, certamente ele contribuirá muito para entendermos como a pandemia pode afetar os imigrantes”.

Perguntado sobre a principal conclusão que teve com a realização da obra, Luís Felipe diz que é a certeza de que temos um desafio imenso pela frente. “As migrações são hoje muito diferentes de como eram há uma, duas décadas. Vivemos um momento extremamente complexo, com novos fluxos, novas faces, novas dinâmicas sociais, ao mesmo tempo em que velhos preconceitos e mecanismos de exclusão seguem operando, inclusive modernizados É preciso inventar o novo. E só o conseguiremos aprendendo e absorvendo os saberes que os migrantes trazem. Fundindo-os critica e criativamente. O novo vem daí. A conclusão é a de que vivemos um momento que pode ser, por tudo isso, fértil” concluiu.


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