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segunda-feira, dezembro 9, 2024

Maior presença do francês rende benefícios ao Brasil

Até meados da década de 1960 e 1970 era comum ter aulas de francês na rede pública de ensino do Brasil. Com o tempo, esse papel da língua estrangeira nas escolas foi ocupado pelo inglês – e, mais recentemente, acrescido do espanhol. No entanto, a chegada de imigrantes de países francófonos (que possuem o francês como língua oficial) tem acrescentado novos elementos a esse quadro e trazido de volta o francês ao cotidiano brasileiro.

O fato tem demandado ajustes tanto nas políticas públicas como em eventos voltados aos migrantes. Para melhor atender às diferentes comunidades, já não bastam informativos em português, espanhol e inglês: o francês tem ocupado cada vez mais espaço. Outro grande desafio é a capacitação de profissionais para o atendimento a essa população e que dominem o idioma francês.

Informativo no abrigo para imigrantes da Prefeitura de São Paulo, escrito em quatro idiomas - incluindo o francês. Crédito: Rodrigo Borges Delfim
Informativo no abrigo para imigrantes da Prefeitura de São Paulo, escrito em quatro idiomas – incluindo o francês.
Crédito: Rodrigo Borges Delfim

Em entrevista ao blog, a professora franco-brasileira Isaure de Faultrier-Travers, coordenadora pedagógica do IFESP (Instituto de Estudos Franceses e Europeus de São Paulo) e que orienta interessados em estudar na França, mostra que o Brasil só tem a ganhar com essa volta da língua francesa ao cotidiano brasileiro – e que tem na imigração recente de francófonos um de seus grandes agentes.

MigraMundo: Como professora de francês, é possível notar um crescimento no interesse do brasileiro pela língua francesa?
Isaure: A língua francesa é imprescindível para quem se destina à carreira diplomática. Mas ela é também um diferencial para os candidatos a Mestrados e Doutorados. E, cada vez mais, os alunos estão se conscientizando disso. De fato, o francês é ao mesmo tempo uma língua de excelência e uma língua que te permite ser selecionado com maior facilidade. Além disso, como há uma quantidade menor de alunos que a dominam, a concorrência é menor.

Na sua opinião, a chegada ao Brasil de imigrantes que têm o francês como idioma (Haiti, Mali, Senegal, Camarões, etc) de alguma forma traz o idioma de volta ao cotidiano brasileiro?
Com certeza. Inicialmente, ela será uma língua de comunicação entre os novos integrantes da população brasileira e aos poucos será vista também como veículo de cultura.

Malineses e imigrantes de outras nacionalidades marcaram presença no encontro. Crédito: Rodrigo Borges Delfim
Presença crescente de imigrantes que falam francês tem demandado ajustes nas políticas públicas. Mas o Brasil como um todo só tem a ganhar com esse novo elemento.
Crédito: Rodrigo Borges Delfim

Que tipo de desafios e oportunidades essa nova realidade abre para os governos e para a sociedade brasileira?
A possibilidade de ver o francês como uma língua multicultural, mas também como uma língua que consegue ser o reflexo de vivências e realidades diferentes, unidas pelo elemento linguístico. Os desafios vão ser de proporcionar uma oferta adequada à demanda: profissionais da área de trabalhos sociais que saibam falar o idioma. Por consequência, isso criará oportunidades para quem fala o idioma. Uma maior presença do francês possibilitará a re-apropriação de elementos que as culturas brasileira e francesa têm em comum (elementos da história, da área jurídica, da pintura e até do mundo acadêmico).

As oportunidades são imensas e o Brasil tem tudo a ganhar de uma maior proximidade com a francofonia!

Como residente no Brasil atualmente, você chegou a encontrar aqui alguma dificuldade por conta do idioma?
O brasileiro é muito receptivo e paciente. Sempre pronto para ajudar. Não acho que a barreira linguística já tenha sido um problema!

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