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sexta-feira, novembro 22, 2024

Mensagem da Austrália contra imigração indocumentada causa polêmica

Uma mensagem divulgada pelo governo da Austrália na tentativa de reprimir e desencorajar a imigração sem documentos tem causado polêmica no país e no exterior.

Em um vídeo gravado em 17 idiomas (incluindo árabe, pashtu, urdu, vietnamita, farsi, albanês e bengali), a mensagem é categórica: “No way. You will not make Australia home.” (Não, você não fará da Austrália sua casa, em tradução livre). Veja abaixo a versão em inglês:

[youtube=http://youtu.be/rT12WH4a92w]

O General Campbell, comandante da Operation Sovereign Borders (Operação Fronteira Soberana, em tradução livre) e que personifica a mensagem acima, procura desencorajar toda e qualquer pessoa que esteja pensando em entrar no território australiano de barco sem documentos – sem meias palavras:

“Do not believe the lies of smugglers, these criminals will steal your money and place your life and the life of your family at risk, for nothing.” (Não acredite nas mentiras dos traficantes, esses criminosos vão roubar seu dinheiro e colocar sua vida e de sua família em risco, por nada).

“The rules apply to everyone: families, children, unaccompanied children, educated and skilled. there are no exceptions,”. (As regras valem para qualquer um: famílias, crianças, crianças desacompanhadas, educados e instruídos. Não há exceções).

Anúncio do governo da Austrália que visa desencorajar a imigração indocumentada; ação é alvo de críticas dentro e fora do país. Crédito: Reprodução
Anúncio do governo da Austrália que visa desencorajar a imigração indocumentada; ação é alvo de críticas dentro e fora do país.
Crédito: Reprodução

O anúncio, por si só polêmico, causou ainda mais controvérsia por ter como fundo um mar revolto com um barco ao longe praticamente à deriva – dado os recentes naufrágios que mataram centenas de imigrantes no mar Mediterrâneo e em outras localidades.

Em reação à polêmica prática do governo australiano, a Refugee Action Coalition Sydney diz que “quase todas as mortes no mar são causadas pela resposta chocante de serviços de busca e salvamento da Austrália, que foram orientados a priorizar parar os barcos, não salvar vidas.”

Nas redes sociais o anúncio também foi alvo de fortes críticas, como nesta postagem abaixo no Twitter – que incluiu uma montagem que mostra a contradição entre um país que se mostra “terra do amanhã” e a recente política do governo.

How did Australia go from being the land of tomorrow to the land of ‘no way’ for migrants? http://t.co/UNZNmAv6wppic.twitter.com/uPVfmRNUJ3

— i100 (@thei100) October 14, 2014

Montagem nas redes sociais mostra contradição da Austrália ao tratar da imigração. Crédito: Reprodução
Montagem nas redes sociais mostra contradição da Austrália ao tratar da imigração.
Crédito: Reprodução

O país aplica uma abordagem conhecida como “política de detenção do Pacífico”, que consiste na detenção obrigatória de todas as pessoas que entram no país sem um visto válido. A Anistia Internacional criticou tais leis,  que “sacrificam a proteção dos refugiados em favor de dissuasão”.

A Austrália no Fatal Journeys

De janeiro de 2000 a julho de 2014, 1.494 pessoas morreram tentando chegar à Austrália de barco. Os dados, da Biblioteca do Congresso Australiano, estão presentes também no relatório Fatal Journeys, lançado recentemente pela OIM (baixe aqui seu exemplar).

O capítulo 6 da publicação é dedicado justamente à questão das mortes e detenções de imigrantes que chegam à Austrália- em especial pelo norte, vindos da Indonésia. Ele também traça as principais rotas e nacionalidades que mais tentam imigrar para a Austrália sem documentação.

O estudo critica a política de repressão adotada pela Austrália e recomenda, entre outras medidas, que as mortes de migrantes no mar ou na detenção sejam tratadas, em primeiro lugar, “como tragédias humanas” e não “como eventos criminais” nos quais as vítimas são tratadas como suspeitos ou mesmo como criminosos.

Leia também: Quando o ato de migrar vira loteria

Com informações dos sites International Business Times e Irish Central

 

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