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sexta-feira, novembro 22, 2024

MigraMundo, dez anos: como começou, onde chegamos e o que vem por aí

De um simples espaço de experimentação, o MigraMundo acabou virando um veículo jornalístico sobre migrações. E por meio da comunicação, a missão é ajudar a enxergar a migração além dos muros erguidos pela xenofobia e outras formas de discriminação. Em suma, ver e abordar a migração como fenômeno humano

“Você já parou para pensar na origem do seu nome e sobrenome? Basta uma pergunta para algum parente mais velho ou mesmo uma rápida pesquisada na internet para descobrir. É muito comum ver no Brasil pessoas com nomes que, em outros países, rapidamente seriam identificados como estrangeiros”.

Foi com esse parágrafo acima que começou o primeiro texto do MigraMundo, em 3 de outubro de 2012. Sim, o MigraMundo está completando dez anos no ar…

Como começou

No começo era só um espaço de experimentação sobre um tema que já despertava minha atenção há tempos. Cresci em uma região da Vila Prudente (Vila Alpina, Vila Zelina, Vila Bela, etc), na zona leste de São Paulo, marcada pela presença de descendentes de imigrantes de países do leste europeu. Mas naquele ano de 2012 eu comecei a prestar mais atenção nas migrações contemporâneas, especialmente a haitiana e de países vizinhos ao Brasil, como a boliviana.

Da curiosidade de conhecer mais sobre as migrações do passado e também do presente nasceu o MigraMundo. O passo final foi dado após acompanhar a primeira edição do seminário Vozes e Olhares Cruzados, organizado pela Missão Paz em São Paulo, em setembro de 2012 – exatamente uma semana antes do início do MigraMundo.

Inicialmente surgiu como um simples blog, depois como site. E por pelo menos um ano eu achei que era um espaço conhecido apenas por amigos.

Em outubro de 2013, percebi que minha impressão estava errada. Em um curso na USP sobre uma cartilha voltada a comunicadores sobre migrações, soube que o MigraMundo não só era conhecido por pessoas que nunca tinha visto até então como também era usado como fonte de informação.

Onde chegamos

Eu já acompanhava pelo então blog algumas questões, como o início da Coordenação de Políticas para Imigrantes da Prefeitura de São Paulo. Mas quando percebi esse público externo, comecei a pensar no MigraMundo não mais como um simples blog, mas como um potencial veículo de comunicação.

Já com essa nova percepção, pude acompanhar com o MigraMundo grande parte das evoluções e embates que marcaram a temática migratória no Brasil nos últimos dez anos: o desenvolvimento da Política Municipal para a População Imigrante em São Paulo, a realização da Comigrar, a aprovação e entrada em vigor da Lei de Migração, duas edições do Fórum Social Mundial de Migrações, além das respostas dadas em relação às migrações haitiana e venezuelana e o impacto da pandemia de Covid-19 sobre os imigrantes.

Um dos pontos altos foi em maio de 2014, quando o MigraMundo foi eleito Blog Favorito do Público em Português, em uma premiação que era promovida pela TV pública alemã Deutsche Welle, com a ajuda do público

Esse percurso, no entanto, foi (e tem sido até hoje) cheio de obstáculos. Não foram poucas as vezes em que pensei em desistir do MigraMundo. Não é fácil manter um projeto que durante todo esse tempo se manteve sem sustentáculo financeiro efetivo, o que leva a mim e os demais colaboradores (eventuais ou não) a se dedicarem apenas de forma voluntária e conciliar o site com atividades profissionais remuneradas.

Até de uma antiga pessoa parceira já cheguei a escutar que o MigraMundo seria sempre “o site do Rodrigo” e que não adiantaria buscar uma base coletiva, o que me chateou bastante. E entre dezembro de 2020 e fevereiro de 2021, o MigraMundo de fato chegou a ser paralisado, por questões profissionais. Estava em um emprego que me consumia até 14 horas por dia, do qual acabei saindo de forma bastante abrupta. Uma saída que, inclusive, me fez pensar em deixar o jornalismo.

Ao sair, poucos dias depois, decidi retomar o MigraMundo. Como deixar um projeto que já havia sobrevivido a tantas barreiras? Emfim, essa retomada faz parte de um processo de cura pessoal e profissional que segue em curso até hoje.

O que vem por aí

Entre trancos e barrancos, o MigraMundo chegou ao seu décimo aniversário. Um marco como esse não poderia ser ignorado, mesmo com as dificuldades de conciliar as agendas pessoais e profissionais com uma temática tão dinâmica e exigente como a migratória.

Hoje o MigraMundo é tocado por mim, Rodrigo Borges Delfim, em parceria com a Lya Maeda e com contribuições da Alana Moreira, direto de Lisboa. Na página Quem Somos tem uma relação dos nomes de todas as pessoas que, de uma forma ou de outra, já colaboraram com conteúdo para o MigraMundo – página em constante atualização.

Ao longo dos próximos meses, algumas ações serão desenvolvidas, seja para celebrar esse marco importante dos dez anos, seja para criar uma estrutura que permita que o MigraMundo possa comemorar outros aniversários. Elas serão reveladas aos pouquinhos…

E claro, se você acredita no trabalho que o MigraMundo desenvolve, fica o convite para conhecer e se tornar parte da campanha de financiamento recorrente. Pode colaborar com qualquer valor a partir de R$ 10 mensais. Para outros formatos, é só acionar pelo email [email protected] (sim, por enquanto os endereços do MigraMundo lembram a origem humilde do projeto).

Seguimos em frente com a missão de, por meio da comunicação, ajudar a enxergar além dos muros erguidos pelo preconceito, pela xenofobia e outras formas de discriminação. Em suma, ver e abordar a migração como um fenômeno humano.

Por fim, muito obrigado a você que ajudou o MigraMundo a chegar até aqui. Vamos em frente para mais aniversários!

1 COMENTÁRIO

  1. Parabéns pelo trabalho! O tema da migração também me interessa bastante, como morador de uma cidade como São Paulo e imigrante que sou. Desejo vida longa ao projeto e que siga proporcionando esse espaço de discussão e informação, reitero minhas felicitações pelas contribuições feitas por você e outros que ajudaram a construir o MigraMundo. Um abraço!

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