O balanço semestral sobre refúgio e deslocamento forçado no mundo da Agência das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), apontou que o número de pessoas sob essa situação em todo o planeta atingiu a marca de 84 milhões de pessoas ao final do primeiro semestre de 2021.
Destas, cerca de 57% — 48,3 milhões — são pessoas que foram forçadas a se deslocar internamente dentro de seus países de origem, sem conseguir buscar proteção internacional. A proporção é semelhante à verificada no relatório Tendências Globais, divulgado em junho passado e com dados referentes a dezembro de 2020 — o número total de deslocados forçados era de 82,4 milhões, sendo que 58% eram deslocados internos.
Segundo o ACNUR, “a mistura letal de conflito, covid-19, pobreza, insegurança alimentar e a emergência climática agravou a situação humanitária dos deslocados, a maioria dos quais está hospedada em regiões em desenvolvimento”, afirma a nota da organização.
Os dados refletem os efeitos de crises humanitárias em curso, como na República Democrática do Congo (1,3 milhão de pessoas deslocadas); na região de Tigray, na Etiópia (1,2 milhão); e no Afeganistão (318,5 mil), já reverberando a ofensiva do grupo extremista Talibã, que viria a tomar o poder no país em agosto.
Ainda, as mudanças climáticas contribuíram também para um aumento nos números. No Iêmen, mais de 41 mil pessoas tiveram que deixar suas casas, sendo que sete mil foram causadas por chuvas intensas e alagamentos.
Ao mesmo tempo, a pandemia de Covid-19 e os fechamentos de fronteiras que ela gerou na tentativa de frear a disseminação do vírus tiveram como efeito colateral tornar ainda mais limitado o acesso destas pessoas à proteção internacional.
“A comunidade internacional está falhando em prevenir a violência, perseguição e violações dos direitos humanos, que continuam a expulsar as pessoas de suas casas”, diz Filippo Grandi da ONU para Refugiados. “Além disso, os efeitos das mudanças climáticas estão exacerbando as vulnerabilidades existentes em muitas áreas que hospedam os deslocados à força”, reforça.
Países de origem e de destino
Durante a primeira metade de 2021, os cinco países de origem da maior parte dos novos refugiados são:
- República Centro-Africana (71.800 de pessoas);
- Sudão do Sul (61.700)
- Síria (38.800)
- Afeganistão (25.200)
- Nigéria (20.300)
Ainda, 92 mil venezuelanos, incluindo migrantes e refugiados, se deslocaram nesse período para países da América Latina e Caribe. Apesar de apelos do ACNUR e de representarem a segunda maior população em situação de deslocamento forçado do mundo sob mandato da agência, o reconhecimento dos venezuelanos como refugiados ainda não alcança pleno reconhecimento pela comunidade internacional. Por isso, os venezuelanos são citados em sua maioria em uma categoria à parte no número geral de deslocamentos (representando um total de 3,9 milhões de pessoas),
Os números do primeiro semestre são semelhantes aos números totais de deslocados internacionais. Dez países, entre eles, a Síria, Venezuela, Afeganistão, Sudão do Sul e Myanmar, são os países de origem de mais de 80% dos refugiados e afetados por deslocamento interno forçado em todo o mundo.
Como os venezuelanos, 73% dos refugiados estão abrigados em países vizinhos. Na Turquia, estão abrigados 3,7 milhões de sírios; na Colômbia tem 1,7 milhão de venezuelanos; mais de 900 mil sul-sudaneses estão em Uganda, além de 430 mil refugiados congoleses; e o Paquistão abriga mais de 1,4 milhão de afegãos. A Alemanha concedeu asilo a mais de 1,2 milhão de refugiados, entre eles, cerca de 600 mil sírios, 150 mil afegãos e iraquianos, cada.
Os palestinos — que estão sob mandato de uma outra agência da ONU, a UNRWA — representam a segunda maior população refugiada do mundo, de 5,7 milhões de pessoas, superando afegãos e venezuelanos.
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