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segunda-feira, outubro 14, 2024

Mundo reage contra ações xenofóbicas de Donald Trump nos Estados Unidos

Por Rodrigo Borges Delfim

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem mostrado nos seus primeiros dias de governo que realmente vai fazer da questão migratória uma verdadeira cruzada.  Entre esses atos estão a retirada do conteúdo em espanhol do site da Casa Branca, a ordem para construção do muro na fronteira com o México (que já existe, na verdade) e o decreto que restringe a entrada de imigrantes e refugiados no país, assinado no último dia 27.

Desde antes da posse, os discursos e as medidas tomadas por Trump têm gerado reações em todo o país e no exterior, seja de governos, organizações locais e internacionais e pessoas que vão às ruas contra as políticas discriminatórias e xenofóbicas do novo ocupante da Casa Branca.

Recuo

O mais recente decreto foi assinado na última sexta (27). Ele aumenta o rigor na fiscalização de pessoas que entram no país, especialmente de países de religião muçulmana – inclusive aquelas que possuem o green card, a autorização para residência nos Estados Unidos. O ato ainda suspende tanto a entrada de todos os refugiados durante 120 dias como a concessão durante 90 dias de vistos a sete países de maioria muçulmana com “histórico terrorista” (Iêmen, Irã, Iraque, Líbia, Síria, Somália e Sudão), até que sejam estabelecidos novos mecanismos de vigilância.

Já no dia seguinte, esse decreto sofreu um primeiro golpe no dia seguinte. Uma decisão da Justiça Federal de Nova York suspendeu parcialmente os efeitos desse último decreto, permitindo que dois iraquianos detidos no aeroporto JFK, em Nova York, tivesse entrada liberada no país. E neste domingo, um porta-voz da Casa Branca afirmou que a medida não se aplicaria aos imigrantes desses países que já possuem o green card.

Reações oficiais, nas artes e nas ruas

Após o decreto de Trump que restringe a entrada de imigrantes e refugiados, a Organização Internacional para as Migrações (OIM) e o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), ambas entidades do  Sistema ONU, emitiram nota conjunta na qual esperam que os EUA, apesar do novo governo, continuem a honrar com os compromissos internacionais assumidos pelo país.

“Os locais de reassentamento previstos para cada país são vitais. O ACNUR e a OIM esperam que os Estados Unidos continuem a assumir forte liderança e prossigam com sua longa tradição de proteger aqueles que fogem de conflitos e perseguição”.

Nas ruas, logo após a chegada de Trump à Casa Branca, milhões de mulheres protestaram nos EUA e no exterior contra as medidas e discursos machistas, preconceituosos e xenofóbicos de Trump. A chamada “Women’s March” já é considerada a maior manifestação de rua já feita nos EUA. Só na capital, Washington, foram cerca de 500 mil participantes. De acordo com a organização do protesto, foram 3 milhões de pessoas nas ruas em todo o mundo.

Cerca de 500 mil pessoas foram às ruas em Washington para a Women’s March.
Crédito: Phillip DeFranco/Twitter

“Apoiados na promessa do chamado da América para massas amontoadas que desejam respirar livremente, acreditamos nos direitos de imigrantes e refugiados, independentemente do status ou país de origem. É nosso dever moral manter as famílias em conjunto e capacitar todos os americanos aspirantes a participar plenamente e contribuir para a nossa economia e sociedade. Rejeitamos a deportação em massa, a detenção familiar, as violações e violência contra migrantes queer (termo em inglês usado para designar pessoas que não seguem o padrão da heterossexualidade ou do binarismo de gênero) e trans. A reforma da imigração deve estabelecer um roteiro para a cidadania e proporcionar oportunidades iguais e proteções de trabalho para todos. Reconhecemos que o chamado à ação de amar nosso vizinho não se limita aos Estados Unidos, porque há uma crise de migração global. Nós acreditamos que a migração é um direito humano e que nenhum ser humano é ilegal.”, diz a trecho da declaração da Women’s March, que pode ser lida na íntegra neste link.

No mundo artístico, a atriz Taraneh Alidoosti, que estrela o filme “O Apartamento” , indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, se soma a outras vozes do cinema, da academia e da multidão nas ruas que condenam o plano de Donald Trump de banir as pessoas provenientes de países muçulmanos.

Pelo Twitter, Taraneh informou que irá boicotar a premiação em protesto ao endurecimento das restrições aos muçulmanos nos Estados Unidos anunciadas na primeira semana de Trump na Casa Branca.

Recado do Islã na posse

Uma das reações mais curiosas – e que passou batido pela maioria dos meios de comunicação – aconteceu na cerimônia de posse de Trump, no último dia 20 de janeiro. O imã Mohamed Magid, representando a comunidade muçulmana nos Estados Unidos, deu um recado ao novo presidente em forma de versos do Alcorão, o livro sagrado do Islamismo. Os trechos lidos exaltavam a diversidade humana – enquanto Trump é avesso tanto ao Islã quanto à imigração.

“E dentre Seus sinais, está a criação dos céus e da terra, e a variedade de vossas línguas e de vossas cores. Por certo, há nisso sinais para os sabedores”, aponta um dos trechos do Alcorão lidos durante a posse (tradução e trecho original disponíveis no blog Orientalíssimo, da Folha de S.Paulo).

https://youtu.be/4_UAituWGwk

Campanha na web

Outra reação às ações de Trump está nas redes sociais. Pessoas podem alterar a foto do perfil no Facebook em apoio aos imigrantes, com a hashtag #IAmImmigrant .

“Agora, mais do que nunca, é importante demonstrar a diversidade dos Estados Unidos – alimentada em grande parte pelos imigrantes – nos torna mais fortes e conectados como uma nação. #IAmImmigrant incentiva todos nós a explorar nossa herança individual e reconhecer nossas experiências distintas e compartilhadas.

Para aderir à campanha e mudar a foto do perfil, basta acessar o link abaixo:

http://www.iamanimmigrant.com/generate/index.php

Campanha I Am Immigrant, que te convida a mudar a foto do perfil nas redes sociais em apoio à ação.
Crédito: Reprodução/I Am Immigrant

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