Mulheres de diferentes nacionalidades foram protagonistas em programação especial voltada aos Direitos Humanos
Por Beatriz de Barros Souza
Em São Paulo (SP)
Nos dias 13, 14 e 15 de dezembro, o Centro de Pesquisa e Formação (CPFor) do SESC-SP recebeu mulheres imigrantes latino-americanas residentes em São Paulo na condição de palestrantes sobre temas afetos aos Direitos Humanos.
A história do SESC contabiliza numerosos eventos com refugiados. Eventos protagonizados por pessoas imigrantes, mesmo que em situação migratória regular, entretanto, são raros nos centros de excelência em produção do conhecimento, como o CPFor. Oriana Jara, que palestrou ao lado de Clara Politi, clamou por mais ocupação desses espaços compostos, em sua maioria, por mulheres “brasileiras ativas e solidárias”, as quais, a seu ver: “realmente podem ser apoios importantes na Democracia de Gênero que nós, mulheres, procuramos”.
Além do público, o evento chamou a atenção pelo formato de mesas temáticas que não levavam o tema das migrações em seu título. Como externou em sua fala de abertura Veronica Yujra, outra palestrante,: “Antes de eu ser chamada como pós-graduanda, sou com frequência convidada a falar nos espaços sobre migração porque faço parte do coletivo ‘Sí, Yo Puedo’, na Kantuta…”. No evento em questão, ao contrário, a questão migratória emergiu de forma transversal, uma vez que os debates foram tematizados segundo as experiências do ativismo dessas mulheres imigrantes.
Rocío Shuña, por exemplo, centrou sua fala nos desafios de tornar o Sistema Único de Saúde (SUS) em um modelo verdadeiramente universal, pois, segundo a própria, esta universalidade consiste em “uma bandeira que a gente levanta junto com os brasileiros”. Jobana Moya levou a discussão da saúde mais para o campo da obstetrícia, afirmando sua opinião de que: “O parto humanizado em São Paulo é elitizado (…), precisa ser levado a todos os espaços.”
O título desta matéria, selecionado de uma fala de Clara Politi, enfim, ilustra a razão pela qual deve-se estimular eventos nas intersecções que, como entre gênero e imigração, normalmente são invisibilizadas na nossa sociedade. Como lembrou Nataly Puente, ao imigrar, muitas vezes: “(…) você está sujeito a ser morto; e muitos imigrantes foram, mas nunca vi isso no jornal.”
Este ano, marcharam os imigrantes na Avenida Paulista pelo fim da invisibilidade. Que ela acabe em todos os espaços, sobretudo naqueles onde menos se nota a sua pesada capa de silenciamento de todas as vozes.
Programação:
13/12. Participação Social x Mulheres Imigrantes em SP
Com Clara Politi (Argentina) e Oriana Jara (Chile).
14/12 – Saúde Pública x Mulheres Imigrantes em SP
Com Jobana Moya (Bolívia) e Rocío Shuña (Peru).
15/12 – Cultura e Educação x Mulheres Imigrantes em SP
Com Veronica Yujra (Bolívia) e Nataly Puente (Peru).
Mediação: Beatriz de Barros Souza (Brasil).
Serviço: http://centrodepesquisaeformacao.sescsp.org.br/atividade/encontro-de-mulheres-migrantes