“Integração e desenvolvimento: da reação à ação”: este foi o tema da sexta edição do Fórum Mundial Migrações e Paz, promovido pelo Pontifício Conselho do Desenvolvimento Humano Integral, a Rede Internacional Scalabriniana de Migrações (SIMN) e a Fundação Konrad Adenauer.
Realizado entre os dias 20 e 21 de fevereiro na Câmara dos Deputados de Roma (Itália), o encontro tem como objetivo favorecer uma parceria inovadora entre agências governamentais, organismos internacionais e organizações da sociedade civil na definição de políticas e programas sobre duas dimensões principais das migrações: a integração dos migrantes e dos refugiados nos países de acolhimento, e a promoção de programas de desenvolvimento nos países de origem dos fluxos migratórios.
Dados recentes da OIM (Organização Internacional para as Migrações) apontam que o mundo hoje tem 244 milhões de migrantes, número recorde na história global. Entre eles estão também refugiados e deslocados internos por conta de guerras e perseguições, chegando a 65,3 milhões de acordo com o relatório mais recente do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR), outra cifra recorde.
“Acolher, proteger, promover e integrar”
Em discurso aos participantes do evento, o Papa Francisco – argentino de nascimento e filho de imigrantes italianos – lembrou que há um “dever sagrado” da Igreja em proteger aos migrantes e que é preciso uma mudança de atitude contra a “demagogia populista” que alimenta o medo em relação a aqueles que se deslocam de sua terra natal em busca de melhores condições de vida.
“A nossa resposta comum poderia articular-se em volta de quatro verbos: acolher, proteger, promover e integrar”, disse o Papa. “A meu ver, conjugar estes quatro verbos na primeira pessoa do singular e na primeira pessoa do plural, representa hoje um dever, um dever em relação aos irmãos e às irmãs que, por diferentes motivos, são forçados a deixar a própria terra de origem: um dever de justiça, de civilização e de solidariedade”.
O discurso completo do Sumo Pontífice pode ser lido na íntegra aqui
Francisco finalizou a fala aos presentes expressando preocupação com as crianças e adolescentes que são forçados a viver longe da terra natal, retomando a temática abordada na mensagem papal sobre o Dia Mundial do Imigrante e Refugiado deste ano (leia aqui).
Como uma “Carta Magna”
A fala do Papa Francisco foi definida como um tipo de “Carta Magna” por alguns dos participantes do Fórum.
“Independentemente dos comentários e tentativas de definições, a fala de Francisco foi profunda. Nada de ingenuidade, frases comuns, mas uma reflexão que merece ser lida na integra, onde aparecem análises, denúncias, mas também propostas concretas de ação”, destacou o padre italiano Paolo Parise, diretor da Missão Paz, instituição de referência na acolhida e orientação de migrantes e refugiados em São Paulo, e um dos participantes do Fórum.
Parise lembrou uma dessas propostas de ação, presente na explicação sobre o verbo “acolher”. “Ele fez duas colocações a respeito de duas etapas do processo migratório, ou seja trânsito e destino. Quanto ao primeiro momento, depois de denunciar as organizações criminosas que aproveitam da situação para lucrar ele apontou a necessidade de “abrir canais humanitários acessíveis e seguros”. Quanto ao lugar de destino, fez referência aos “programas de acolhimento difundido”, que já são realidade em alguns lugares, e que favorecem o encontro pessoal e permitem melhor qualidade dos serviços”.