Atualizado em 31/05/16
A cena de um barco com imigrantes virando na costa da Líbia correu o mundo. O flagra foi feito pela Marinha italiana, que resgatou parte dos ocupantes da embarcação. Mas a imagem é apenas o exemplo de uma realidade e de estatísticas que crescem a cada dia.
Segundo o Alto Comissariado da ONU para Refugiados, o ACNUR, cerca de 700 pessoas morreram em travessias no mar Mediterrâneo entre a costa da Líbia e a Itália somente na última semana. Considerado dados do começo de 2016 até a semana passada, a cifra sobe para 2.500.
Já a Organização Internacional para as Migrações (OIM), aponta que, desde o começo do ano até 27 de maio, 1.475 pessoas morreram tentando chegar à Europa – incluindo outras rotas. Só na travessia Líbia-Itália seriam pelo menos 1.093 mortos, de acordo com a entidade.
Os números tendem a aumentar ainda mais conforme o verão europeu se aproxima, temporada na qual o mar costuma ficar menos revolto – e a travessia, um pouco menos perigosa e letal.
As cifras do ACNUR e da OIM são novas evidências de que o fechamento da chamada Rota Balcânica e o acordo da União Europeia com o governo da Turquia têm efeito nulo sobre a questão da mobilidade humana em direção à Europa. Pelo contrário, apenas contribuem para precarizar ainda mais a situação daqueles que buscam chegar ao Velho Continente, independente dos motivos que levam cada um a se arriscar em uma jornada que é uma verdadeira loteria.
Em reportagem publicada em março passado, por exemplo, o site espanhol El Diario listou pelo menos oito possíveis rotas que poderiam ser usadas em alternativa à passagem via Grécia e Bálcãs. Uma delas, aliás, é justamente a rota Líbia-Itália, onde têm acontecido os maiores naufrágios e que já foi o caminho mais mortífero no passado recente – daí a expressão de que o Mediterrâneo se torna um “cemitério de imigrantes”.
“O que estamos vendo na Europa é consequência de um fenômeno muito maior. Guerras, regimes, pobreza extrema e mudanças climáticas estão forçando um número crescente de pessoas a deixarem seus países em condições desesperadoras. O que nos preocupa é a maneira como esses migrantes e refugiados chegam à Europa: o risco de morte no mar ou nos desertos, e colocando suas vidas nas mãos de traficantes sem escrúpulos”, disse William Lacy Swing, diretor-geral da OIM, sobre números divulgados em setembro de 2015.
Naquela época, as mortes em travessias no Mediterrâneo já tinham chegado à marca de 2.600 no ano. E como os fatores que causam os deslocamentos estão a todo vapor, a tendência é que as cifras superem os dados de 2015.