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quinta-feira, abril 18, 2024

O preço de “um punhado de dólares” para os emigrados

Por trás de números impressionantes, histórias que têm rostos e contam sonhos, frustrações, expectativas, alegrias, tristezas e dilemas. Ir além das cifras e jogar luz sobre esse lado humano da economia movimentada pelos imigrantes no mundo são os objetivos do documentário “Por um Punhado de Dólares, Os Novos Emigrados”, dirigido pelo brasileiro Leonardo Dourado e integrante da mostra É Tudo Verdade deste ano.

Documentário "Por um Punhado de Dólares, Os Novos Emigrados" quer fazer o público pensar sobre a questão migrante. Crédito: Divulgação
Documentário “Por um Punhado de Dólares, Os Novos Emigrados” quer fazer o público pensar sobre a questão migrante.
Crédito: Divulgação

A projeção, feita nesta terça-feira (08) no Cine Livraria Cultura, em São Paulo, foi precedida por uma breve fala de Dourado, que diz ter aprendido uma importante lição a partir desse trabalho. “Aprendi que não existe emigrado ilegal, nenhum emigrado é ilegal. Nunca mais vou chamar um emigrado de ilegal”.

A exibição

A princípio, o nome da produção pode até soar reducionista. Mas esse “punhado” de dólares se transforma em outras moedas e artigos mundo afora, fazendo a diferença para certas famílias e até para países inteiros. No entanto, esse “punhado” tão precioso e imprescindível cobra um preço alto daqueles que lutam por ele ou dele dependem de alguma forma. E o documentário cumpre muito bem a tarefa de mostrar o lado sensível e humano desse fluxo econômico.

Seu Jorge recebe dinheiro mandado por seus filhos do Japão. Crédito: Divulgação
Seu Jorge recebe dinheiro mandado por seus filhos do Japão.
Crédito: Divulgação

A produção é centrada nas histórias de José Luís Vásquez, mexicano que vive em Houston ensinando boxe e que há anos não vê parte da família por estar indocumentado nos EUA; do gambiano Ibrahim Suware, que trabalha levando louça em um restaurante em Munique (Alemanha) e se divide entre sua numerosa família na terra natal e a que formou em solo alemão; e dos irmãos brasileiros Leonardo e Seidi Takano, descendentes de japoneses que foram trabalhar em Tóquio (os chamados dekasséguis) para ajudar o pai, seu Jorge, a quitar dívidas contraídas com um agiota após sofrer um acidente de trabalho.

As histórias contadas pelo documentário são intercaladas com os números formados a partir dos “punhados” enviados pelos emigrados às suas famílias e depoimentos de pesquisadores, autoridades e empresários sobre a questão. Um deles cita que, em plena globalização, “é inadmissível haver fluxo livre de dinheiro, de tecnologia e não existir um fluxo livre de pessoas no planeta”.

Muro que separa e concretiza a fronteira entre Tijuana (México) e San Diego (EUA). Crédito: Divulgação
Muro que separa e concretiza a fronteira entre Tijuana (México) e San Diego (EUA).
Crédito: Divulgação

Mais informações sobre a produção e de fatos correlatos podem ser obtidas por meio da página oficial no Facebook.

Impressões do público

As altas cifras movimentadas pelos imigrantes chamaram a atenção do arquiteto Rogério Marcondes, que se interessou pelo longa após ler uma resenha de jornal. “Ajudou a me interessar pelo tema, abriu meu apetite”, diz.

A estudante de medicina Laura Tabacof encontrou o longa na programação da mostra e considera o tema interessante, mas acha que a abordagem foi exagerada. “Ficou apelativo demais no lado emocional, forçou um pouco a barra”, afirma.

Já a corretora de imóveis Neuma Fagundes, baiana de nascimento e ex-mulher de um chileno que fugiu para o Brasil após o golpe militar de 1973, diz que se identificou com a produção. “A vida é uma grande migração, não tem que existir fronteira alguma”.

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