O que é ser mulher e migrante ao mesmo tempo?
Convidadas pelo MigraMundo, algumas migrantes deram suas respostas à essa pergunta, baseadas em suas experiências pessoais. Desde já fica um enorme obrigado pela confiança e ajuda.
Os nomes e origens diferem, mas seus relatos podem ser equivalentes ou mesmo idênticos aos que tantas outras migrantes vivem ou já viveram. De problemas com a documentação ao medo causado pelo machismo e suas consequências, violência e discriminação, são todos problemas e desafios que desconhecem origem ou classe social. E as lutas para mudar esse quadro também devem ignorar qualquer tipo de barreira (geográfica, econômica, política…).
Mais uma vez o MigraMundo agradece às mulheres migrantes que cederam seus relatos ao blog, que também se coloca como parceiro nas lutas contra o machismo e pelos direitos da mulher, independente de sua origem.
Os relatos foram mantidos na íntegra e no idioma no qual foram enviados (português ou espanhol).
Andrea Carabantes Soto, Chile. Mora em São Paulo
Quando cheguei no Brasil foi um choque muito grande, muita gente, tudo muito longe, muita agressividade no trato.
Com o tempo comecei a conhecer melhor o jeito paulistano, também ajudou muito estudar português e me esforçar por falar o melhor possível (sem tirar meu sotaque que sinto que é meu, rs.). Descobri que as pessoas eram muito gratas por esse esforço e que ao falar melhor rompia uma barreira e conseguia ter relacionamentos mais profundos.
Sobre o tema de ser imigrante, eu descobri que gosto de ser imigrante, adoro conhecer culturas novas e aportar com a minha. E São Paulo nesse sentido é muito legal porque você conhece muitas culturas além da brasileira.
Sobre ser mulher imigrante aqui, na verdade eu tive muita dificuldade com a documentação no começo como todo mundo e sofro o machismo, mas nunca tive problema por ser imigrante. Não sou o tipo discriminado, sou branca. Ai caiu a ficha para mim, que a xenofobia é racista: quando é uma mulher indígena boliviana aí é ruim, mas quando é uma mulher branca classe média é legal, interessante, etc.
Eu me solidarizo porque sei o duro que é ser imigrante aqui e porque só posso imaginar que além da dificuldade da adaptação você ser discriminada deve ser horrível.
Eleonora Silanus, Itália, vive em São Paulo desde 2014
A minha condição de mulher migrante é muito privilegiada, cheguei da Itália
com um trabalho e com bastante apoio. Porém nunca vou esquecer os primeiros
dias de busca de apartamento em São Paulo. Estava com uma minha amiga,
italiana também. Duas mulheres estrangeiras no centro de uma cidade
desconhecida falando um português muito italiano. Tinha medo de errar, de
entender mal mas desde o começo entendi que mesmo sem falar a língua não é
difícil intender quem quer te ajudar e quem não.
Posso dizer com sinceridade que quando esta cidade me fez sentir
estrangeira sempre foi num sentido bom. Por outro lado, sei que as
migrantes não são consideradas na mesma maneira e que a nacionalidade faz a
diferencia. Conheço bem a situação da maioria das mulheres migrantes no meu
País e no Brasil. Violência, exploração e medo acompanham as mulheres
migrantes no mundo todo. Gostaria um dia de comemorar um 8 de março no qual
não existam mulheres mais estrangeiras das outras.
Maria Eugenia Zuñiga Oñate, chilena, mora em Santa Catarina desde 2004
He vivido cosas diversas . Lo que más me impacta es la dualidad en que se mueven los Brasileros una gran emoción y a la vez un sentido de la privacidad tan extremo que casi rosa el Egoismo. me lo explico esto com tipico un de país turístico. Lo destacable es la alegría con que se encara la vida a pesar de situaciones adversas, rién y bailan,esto me parece muy bueno.
Acá el que es de afuera lo es y será siempre ,en 11 años no he dejado de ser la “Gringa”. a la que todos los servicios son cobrados en una tasa especial que nunca favorece.Me ha resultado complicado adaptarme a saludar sin tener respuesta a que un señor se ubique casi con descaro antes que yo en la fila del banco o esperando locomoción ,esto es cotidiano. El machismo es muy fuerte esta instalado y cobra mas adeptos entre las mujeres que hasta en los mismo hombres.
Hacer documentación es casi una proesa donde debes pararte valientemente a luchar por lo que precisas y te corresponde. Si es una lucha ,generalmente los que te escuchan parten del Pre-concepto que no hablas portugués, porque tenés “sotaque” mas el sotaque es algo muy difícil de superar ya que forma parte de la cultura. El caso es que no escuchan ud .dice Holáaaaa con la mejor de la intención de ser escuchado y mejor aún entendido. Pero no es fácil lograrlo. Y eso que nuestro saludo es igual, solo lo diferencia una H que encima no tiene sonido, parece que molesta lo que ven…
Cuesta mucho ser aceptado, en la sociedad Brasilera . Si es mujer menos si es soltera o sin pareja menos, sobre todo por las mujeres. Quienes ven en la “Gringa “un alto riesgo de competencia ,la gringa sin pareja siempre es una Bagabunda en el mejor de los casos no es muy confiable.. Estoy hablando en términos generales . Porque si he encontrado gente que aparentemente “gusta de mi”. Aunque me digan aparece ahí y cuando vas no están esto es casi imposibe en países donde he vivido. lo que me desconcierta es la diversidad de etnias y la gran discriminación es algo absurdo es algo así como somos diversos y existen diversas formas de discriminación… La gente es higiénica , se alimentan bien o mejor que en otros lugares se divierte y parecen felices.
He escogido este lugar para vivir el resto de mi vida, y espero dejar de ser la Gringa antes de partir…