Entrar na Europa para muitos migrantes é como uma loteria, na qual o preço a ser pago pode ser a própria vida. Essa é uma conclusão que fica cada vez mais clara a partir de um novo dado divulgado pela OIM (Organização Internacional para as Migrações) na terça-feira (25). De acordo com a entidade, desde 2021 até a última segunda-feira (24), um total de 5.684 morreram ou desapareceram tentando chegar ao continente, seja pelo mar ou por terra.
A rota mais letal, segundo a instituição, é o Mediterrâneo Central, que compreende especialmente os barcos que saem da Líbia em direção à Itália e Malta. No período analisado foram 2.836 mortes e desaparecimentos, um aumento de cerca de 25% em comparação a 2019 e 2020.
Também foram documentadas mortes no Mediterrâneo Oriental e Ocidental, na fronteira terrestre turco-grega, e na fronteira de Belarus com a Polônia.
Pedido por caminhos mais seguros
Os dados foram extraídos a partir do Missing Migrants Project, mantido pela OIM desde 2014. De acordo com ele, mais de 29 mil pessoas morreram ou sumiram no caminho para a Europa. Considerando as rotas migratórias em todo o mundo, o total de mortos e desaparecidos passa de 51 mil desde o começo da contabilização dos dados.
No entanto, a OIM estima que o número real de pessoas que perderam a vida em travessias migratórias seja ainda maior. Isso porque há os chamados “naufrágios invisíveis”, casos em que barcos inteiros são perdidos no mar sem qualquer operação de busca e salvamento em andamento.
“Registramos mais de 29 mil durante as viagens de migração para a Europa desde 2014”, disse Julia Black, autora do relatório da OIM que faz o recorte para o contexto europeu, em comunicado divulgado à imprensa. “Estas mortes contínuas são outro lembrete sombrio de que são desesperadamente necessários mais caminhos legais e seguros para a migração”.
A partir do anúncio feito pela OIM, a entidade fez um apelo aos estados europeus para que tomem medidas urgentes e concretas para salvar vidas e reduzir as mortes durante as viagens de migração.
“Os Estados devem defender o direito à vida de todas as pessoas, impedindo mais mortes e desaparecimentos. Isto deve incluir a prioridade à busca e salvamento em terra e no mar, incluindo o fim da criminalização dos actores não governamentais que prestam assistência humanitária aos migrantes em perigo. Em última análise, para acabar com as mortes de migrantes, os Estados devem rever o impacto das suas políticas migratórias para assegurar uma migração segura, e para minimizar qualquer risco de morte ou desaparecimento de migrantes”, defendeu a instituição, que é parte do Sistema ONU.