Por Pe. Alfredo J. Gonçalves, cs
Em torno de 5 mil imigrantes e refugiados encontram-se acampados numa espécie de “favela” junto à cidade portuária de Calais, no extremo norte da França. Sua esperança é cruzar o Eurotúnel que liga esse país à Inglaterra, sob o canal da Mancha.
A duras penas, após a via crucis de deixar o próprio país escapando da pobreza ou violência, cruzar o Mediterrâneo e atravessar todo o território de Itália e França, tentam agora infiltrar-se no tráfico do Eurotúnel.
As autoridades francesas e britânicas, junto com a polícia de ambos os lados, os rechaçam de todos os modos. Erguem muros e cercas de arame farpado ao redor da entrada e saída do túnel. Mas os migrantes seguem pressionando: abrem buracos nos obstáculos para atingir o outro lado do canal.
Nas vizinhanças do canal, são frequentes os conflitos entre policiais e migrantes. Estes, a bem dizer, já criaram uma “nova” e precária cidade nos arredores de Calais.
Essa pressão crece e sobe do norte da África e do Oriente Médio em direção ao velho continente europeu. Ali, bate-se com redobrada força contra a intolerância da União Europeia diante da imigração. E é justamente David Cameron, Prmeiro Ministro do Reino Unido, quem vem mostrando particular intransigência.
Uma e outra vez, sós ou em grupos, os migrantes tentam romper a barreira. Descobertos, voltam atrás e começam a preparar uma nova investida. Está em jogo a sobrevivência, os direitos e a dignidade humana e, num voo mais ousado, um futuro diferente do que lhes reserva a terra de origem.
Mas está em jogo não apenas o amanhã dos migrantes, mas também o futuro dos próprios países que lhes negam a entrada. Constituem sociedades envelhecidas, avizinhando-se ao outono, que necessitam de força jovem para trabalhar e contribuir com o desenvolvimento. Uma nova página da história está sendo escrita.
Pe. Alfredo J. Gonçalves, cs
Roma, 1º de agosto de 2015