Local tem tradição de receber famílias e pessoas migrantes e refugiadas
Por Alethea Rodrigues – texto e fotos
Uma ONG que chegou ao Brasil em maio do ano passado tem arrancado sorrisos da criançada pelo mundo desde 1993. E na última segunda-feira, 13 de março, a Palhaços Sem Fronteiras visitou as crianças brasileiras e imigrantes que vivem na Ocupação Leila Khaled, localizada no bairro da Liberdade, centro da cidade de São Paulo.
Voluntários profissionais da área artística rodam o mundo vestidos de palhaços com a missão de levar alegria e apresentar peças teatrais a quem está em situação de vulnerabilidade causada por guerras, desigualdade social ou catástrofes ambientais. O objetivo também é trazer a arte para mais perto das pessoas, especialmente das famílias refugiadas que estão recomeçando suas vidas aqui no Brasil. “O sorriso é uma forma de aliviar o sofrimento. Nossa intenção é levar alegria para que as crianças se distanciem da triste realidade em que vivem e esqueçam um pouco de tudo que passaram”, conta Arthur Toyoshima, voluntário e diretor de comunicação do Palhaços sem Fronteiras no Brasil.
A maioria dos moradores da Ocupação Leila Khaled possui uma história bastante peculiar. A ocupação denominada como palestina, recebe refugiados de várias partes do mundo, mas também acolhe imigrantes chilenos, peruanos e até chineses. Além disso, hoje abriga um grande número de brasileiros. O imóvel era da antiga Telesp e está ocupado há pouco mais de três anos.
Leandro Arruda é brasileiro, filho de egípcios e foi o primeiro morador do local. Ele atua como coordenador da ocupação e considera uma função delicada e extremamente complexa. “Hoje temos 50 famílias espalhadas pelo prédio, com culturas e modos de vida totalmente diferentes. Estipular regras é muito difícil, mas de um modo geral conseguimos conviver em harmonia. Recebemos pessoas de todas as partes do mundo, inclusive brasileiros, porque acreditamos que independente da nacionalidade, elas necessitam de ajuda da mesma maneira”.
A ocupação ainda conta com um espaço cultural, onde são dadas diversas oficinas como costura, dança, aulas de inglês, culinária árabe e atividades de lazer para as crianças, tudo ministrado pelos próprios moradores. O local também recebe voluntários, como é o caso dos Palhaços sem Fronteiras. “As famílias que vivem aqui não têm muito acesso à cultura e diversão. Também é uma boa maneira de aproximar os moradores uns dos outros já que as divergências culturais são muito grandes”, contou o coordenador. Há quase três anos, existe uma disputa na justiça para que o imóvel seja reconhecido como moradia social.