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quarta-feira, abril 24, 2024

Para evitar xenofobia, OMS tira nacionalidades de mutações da Covid-19

Chineses e brasileiros estão entre as nacionalidades que já foram alvo de ataques e discriminações por conta de mutações do novo coronavírus identificadas inicialmente nos dois países

A Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou na terça-feira (31) mudanças na nomenclatura das variantes do novo coronavírus (Covid-19). No lugar dos países em que foram identificadas, a entidade empregou o alfabeto grego para designar informalmente as cepas.

A agência determinou que a variação do vírus primeiro identificada no Reino Unido passará a se chamar “Alpha”. No caso da mutação sul-africana, o nome dado é “Beta”. Já a variante identificada no Brasil é a “Gamma”, ao passo que a cepa que surgiu na Índia agora se chama “Delta”.

O objetivo da OMS é evitar que a pandemia seja associada e sirva de pretexto para xenofobia e outras formas de preconceito contra determinadas nacionalidades.

China e Brasil estigmatizados

Logo que se espalhou pelo mundo no começo de 2020, a alcunha de “vírus chinês” se popularizou e fomentou ações xenófobas contra chineses mundo afora. O país asiático foi o primeiro a identificar casos do novo coronavírus, ainda no final de 2019.

A youtuber chinesa Sisi Lao, radicada no Brasil e conhecida pelo canal Pula Muralha, de ensino de mandarim para brasileiros, foi alvo de alguns desses ataques. A persistência das ações levou ela a publicar no começo de 2020 uma série de vídeos de esclarecimento sobre o novo coronavírus. E um deles apresentou um desabafo: não sou um vírus.

Mais tarde, com a disseminação da cepa surgida em Manaus e o agravamento da pandemia no Brasil, foi a vez de os brasileiros passaram a sofrer com discriminação mundo afora.

Posicionamento tardio

Embora a medida tenha sido adotada pela OMS mais de um ano após a declaração da pandemia, a expectativa da agência é que a referência nacional seja abandonada em comunicados oficiais e pelos meios de comunicação.

Para o haitiano James Berson Lalane, sanitarista formado pela Universidade Federal de Integração Latino Americana (Unila) e pós-graduando do Departamento de Medicina Preventiva da Universidade de São Paulo (USP), a decisão da OMS é positiva. Por outro lado, ele expressa descrença quanto a expectativa de dissociação das cepas dos locais onde foram inicialmente identificadas.

“A decisão da OMS é importante para dissociar as cepas do vírus dos países. Por outro lado isso não vai ajudar esses países que têm essas cepas a não sofrer restrições no mundo. Pois seguirão sendo associados a essas cepas mesmo que os nomes sejam alterados”.


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