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sábado, dezembro 21, 2024

Projeto que une arte, inclusão e migração tem contêiner pintado por refugiado congolês

Projeto que deu nova vida ao contêiner também representa uma aliança ainda pouco comum entre empresas de mobilidade global e entidades do terceiro setor que atuam junto à temática migratória

Quem circular pelas ruas de São Paulo, Rio de Janeiro ou Brasília nas próximas semanas pode se deparar com um contêiner diferente, transformado em obra de arte itinerante. Uma iniciativa que ainda traz consigo temas como inclusão social, conscientização sobre refugiados e sustentabilidade.

O contêiner pertence à Gerson & Grey, empresa brasileira de Global Mobility, que firmou uma parceria com a ONG Estou Refugiado, já conhecida pelo trabalho em prol da integração social e cultural no Brasil de pessoas em situação de refúgio. A obra de arte, por sua vez, é assinada pelo artista plástico congolês Lavi Kasonge, refugiado no Brasil, e se insere em um projeto já em curso da entidade, o Cores do Mundo.

O projeto que deu nova vida ao contêiner também representa uma aliança ainda pouco comum entre empresas de mobilidade global e entidades do terceiro setor que atuam junto à temática migratória, além de incluir a participação migrante. A iniciativa conta ainda com o apoio do MigraMundo.

Além da arte em si, o contêiner vai circular com um QR Code que vai conter informações sobre a obra, o projeto e o artista responsável, permitindo um elemento a mais de interação.

Diversidade, resiliência e esperança

A pintura no contêiner da Gerson & Grey foi batizada por Kasonge como “Viagem” e traz os rostos de mulheres africanas e afegãs em um fundo com arte abstrata. “Eu pensei na viagem porque só a viagem consegue juntar diferentes nacionalidades em alguns países em que pessoas pensam ou sonham de ir, de viajar ou de morar. É por isso que eu tentei juntar tudo isso”, explicou o artista.

As cores usadas no fundo do mural no contêiner, segundo ele, são uma referência ao misto de incerteza e esperança que as pessoas migrantes vivenciam longe da terra natal. “‘Saímos dos nossos países com uma expectativa e vamos viver uma outra realidade. ‘Esse abstrato representa o país que a gente vai viver. Não sabemos exatamente o que vamos encontrar, o que vamos enfrentar como realidade. Mas no fundo de tudo, essas cores representam a esperança”, completou.

Natural da República Democrática do Congo, mais exatamente da capital Kinshasa, Lavi é um artista plástico inspirado por seu passado africano e seu presente sul-americano. Ele cria pinturas onde suas cores africanas estão em harmonia abstrata com inspirações africanas e a realidade brasileira.

Lavi já participou de diversas exposições individuais e coletivas em prestigiadas galerias como Maison de France, Pinacoteca do Estado de São Paulo, SESC, Michigan Art Space, Inn Gallery e duas vezes premiado no Reino Unido, 2023.

O artista plástico congolês Lavi Kasonge durante a pintura do contêiner que agora carrega a obra “Viagem”. (Foto: Divulgação)

Reflexão e ação

O contêiner circulará pelas três capitais com o objetivo de criar um impacto positivo com a arte que carrega. Cada parada será uma oportunidade para engajar a comunidade e fomentar a discussão sobre imigração e inclusão.

“Ter um artista refugiado pintando um contêiner traz uma série de benefícios que vão além da simples criação de uma obra de arte. É uma iniciativa que combina arte, inclusão, responsabilidade social e inovação, gerando benefícios tangíveis e intangíveis. Estamos extremamente empolgados com este projeto e acreditamos que ele será um marco importante para nossa empresa e para a sociedade”, comenta Richard Gerson, diretor na Gerson & Grey.

Para Luciana Capobianco, presidente da ONG Estou Refugiado, o fato do projeto Cores do Mundo contar agora com uma arte itinerante gera um significado a mais, uma vez que até então a atuação estava mais focada em elementos estáticos, como tapumes de obras e outras intervenções urbanas e estáticas.

“O contêiner traz uma conotação especial para o Cores do Mundo por ser algo que circula, não é estático. É um trabalho de advocacy por meio da cultura e da arte, para quebrar barreiras e gerar reflexão e engajamento em todos os sentidos”.

Depois de circular pelas três capitais, o contêiner será levado para o depósito mantido pela Gerson & Grey no Rio de Janeiro, onde ficará armazenado e conservado para a posteridade.

Vista aérea do cointêiner pintado pelo artista plástico congolês Lavi Kasonge. (Foto: Divulgação)

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