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sexta-feira, abril 26, 2024

Refugiado sírio no Rio luta contra burocracia e violência policial para voltar a trabalhar

O advogado e cozinheiro de formação tinha uma barraca batizada de "Salgado do Sírio" no bairro da Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro. Ele tenta autorização desde 2018

Apesar de expressar amor pelo Brasil e pelos brasileiros, o refugiado sírio Mohammad Ali tem enfrentado poucas e boas para se manter no país onde vive há quatro anos.

Até 30 de abril de 2021, o advogado e cozinheiro de formação tinha uma barraca batizada de “Salgado do Sírio” no bairro da Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro. Nesse dia, ele afirmou que guardas civis o abordaram com truculência pela falta da licença para poder trabalhar na rua. 

O vídeo com a abordagem sofrida por Mohammad foi publicado em suas redes sociais. Nele, é possível ver que pelo menos quatro guardas civis o imobilizaram no chão e o algemaram, sob protestos de pessoas ao redor.

Em seguida, ele foi colocado em uma van, que o levou à delegacia, de onde foi liberado horas depois. Desde então, não conseguiu retomar a atividade, porque seu equipamento foi quebrado durante a ação.

“Eu amo o Brasil e os brasileiros, e ninguém merece isso. Tem pessoas que pagam propina e conseguem tudo o que querem, enquanto outros trabalham duro e sofrem”, desabafou, em conversa com o MigraMundo.

Barraca “Salgado do Sírio”, que era mantida por Mohammad no bairro da Tijuca, no Rio. (Foto: arquivo pessoal)

Sem licença, sem trabalho e sem renda

Mohammad contou que tenta obter a licença para trabalhar na rua desde março de 2018, data do protocolo de solicitação da licença junto à Prefeitura do Rio. Mas até o momento a autorização não foi concedida. O sírio disse ainda que exibiu o documento aos agentes, mas foi ignorado.

“Já saíram várias licenças depois que eu pedi, e a minha até agora não saiu”, ressaltou.

Sem o ganha-pão, ele vive em um quartinho e tem sua renda no momento apenas a partir do auxílio emergencial, programa criado pelo governo federal para atender pessoas em situação de vulnerabilidade econômica. No entanto, o benefício pode ser encerrado neste mês de novembro, o que torna a situação de Mohammad ainda mais incerta.

“Só Deus que sabe”, afirmou o ambulante, sobre como tem conseguido se manter sem poder preparar e vender os salgados.

O que diz a gestão municipal

Questionada pelo MigraMundo, a Guarda Municipal do Rio informou que o sírio não possuia autorização para atuar no local e resistiu a abordagem dos fiscais da Seop (Secretaria Municipal de Ordem Pública do Rio), tendo puxado os produtos apreendidos das mãos dos agentes. E que a atuação dos agentes foi em apoio e para assegurar a integridade física dos fiscais.

Já a Seop informou que está analisando três processos em nome do ambulante referente a comercialização de produtos no bairro da Tijuca. Ainda de acordo com a secretaria, no último dia 29 saiu um despacho autorizando a atividade, com ressalva relacionada à localização, pois há um decreto municipal que impede o assentamento de barracas no trecho da Rua Conde de Bonfim, onde o homem costumava atuar.


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