Crime tem indícios de ter sido premeditado e com objetivo de intimidação; instituição retomou atendimentos e pede “união”
Por Rodrigo Borges Delfim
Em São Paulo (SP)
Atualizado em 25/12, às 22h25
O 18 de dezembro, quando é celebrado o Dia Internacional do Migrante, não foi dos mais felizes no CAMI (Centro de Apoio e Pastoral do Migrante), que teve sua sede assaltada na região central de São Paulo no final de semana.
A entidade não chegou a fazer uma estimativa do prejuízo material, mas a lista de itens furtados indica valores na casa dos milhares de reais – computadores, impressoras, televisores, data show, além de equipamentos de áudio usados na rádio web mantida pela entidade, entre outros. Portas e janelas também foram arrombadas ou danificadas pelos criminosos.
O grande prejuízo, no entanto, está nas informações perdidas por conta do assalto. No setor jurídico, que faz acompanhamento de processos contra trabalho escravo, foram levados apenas o disco rígido, o que é apontado tanto pela perícia como pelo CAMI como indício de que o crime foi premeditado, com informações fornecidas por alguém que conhecia a instituição e seu cotidiano. A polícia continua a investigar o caso, que teve Boletim de Ocorrência registrado no 77º DP (Santa Cecília), e procura pelos suspeitos.
“Entendemos que o que aconteceu aqui não foi simplesmente um furto, mas uma mensagem dada à instituição pelo trabalho que vem desenvolvendo. Provavelmente tinham todas as informações porque foram encontrados detalhes tanto nós como a perícia que só quem conhecia a instituição e seu cotidiano poderia saber”, explica Roque Patussi, coordenador-geral do CAMI.
Atendimentos continuam
Apesar dos estragos causados pelo assalto, o CAMI funciona de forma improvisada ao mesmo tempo que realiza os primeiros reparos. Sistemas de segurança deverão ser implementados já nos próximos dias.
“O atendimento continua normal, vamos nos adequar à situação mesmo que tenhamos de anotar tudo com papel e caneta. O público não vai perder com isso”, reforça Patussi.
Neste final de ano a direção do CAMI informa que a entidade fechará apenas entre os dias 22 e 25/12 e entre 29/12 e 01/01. Nos demais dias do final de ano e a partir de 2 de janeiro de 2018 o funcionamento será normal, das 9h às 16h30.
Como ajudar?
O crime é visto pela instituição como uma forma de intimidação e de divisão. E aponta a união como uma das principais saídas para que não apenas o CAMI, mas outras instituições tenham mais força para evitar situações como essa.
“Nesse momento, o principal é que as instituições se unam. Não é só aqui que as coisas acontecem. Infelizmente fomos mais uma a sofrer esse tipo de coação. Não apenas os migrantes, mas é preciso que as demais instituições vejam umas às outras como parceiras. Lutamos pelas mesmas causas”, afirma Carla Aguilar, assistente social do CAMI.
Além do pedido de união, o CAMI também se coloca à disposição para qualquer pessoa ou grupo que quiser ajudar a entidade. Interessados podem entrar em contato por meio do telefone (11) 3333-0847, pelo e-mail [email protected] ou por meio da página no Facebook.
A instituição
Fundado em julho de 2005, o CAMI atua na promoção da dignidade dos migrantes, auxiliando com regularização, orientação social e jurídica, além de oferecer cursos profissionalizantes e de português. Além do trabalho na sede, também conta com agentes multiplicadores em bairros das zonas leste e norte de São Paulo, além do município de Carapicuíba.
O CAMI também é uma das entidades organizadoras e apoiadoras da Marcha dos Imigrantes, ato político que ocorre anualmente em São Paulo com migrantes de diferentes nacionalidades, do Grito dos Excluídos Continental e do Festival de Música e Poesia do Migrante.
No último dia 10 de dezembro, 140 de migrantes de diferentes nacionalidades receberam certificado pelos cursos feitos junto ao CAMI – português, modelagem, empreendedorismo, teatro, música, informática e eletricista.