Depois da Copa Gringos e das Copas do Mundo de refugiados apoiadas por Adus e Caritas, engana-se quem pensa que seria preciso esperar o ano que vem ou até 2018 para ver as comunidades migrantes de São Paulo mobilizadas em torno do futebol. A nova oportunidade começa já a partir deste domingo (14) com a volta da Copa Gringos – desta vez com novo nome e formato, a Liga Gringos.
A exemplo da Copa Gringos, os jogos da Liga serão nas quadras de futebol society do Playball Pompeia, zona oeste de São Paulo, sempre aos domingos. A final está prevista para 14 de dezembro.
A nova competição – que já era negociada antes mesmo do final da Copa – terá 20 seleções, que ficarão divididos em duas divisões com 10 cada uma (Séries A e B) e vão jogar entre si em turno único. Os quatro primeiros colocados da Série A avançam às semifinais e final. Já as duas seleções com pior campanha serão rebaixadas à Série B, que vai promover à divisão principal seus dois times com melhor campanha.
O antepenúltimo colocado da Série A e o terceiro da Série B vão disputar um jogo extra (o Playdown), no qual o vencedor ganha o direito de disputar a Série A na temporada seguinte – assim como já acontece em certas ligas de futebol profissional na Europa. O calendário completo pode ser acessado no site oficial da Liga.
Seleções participantes: estreantes e ausências
Em relação à Copa Gringos, as grandes novidades entre os participantes são a entrada de Brasil e Grécia e a ausência justamente da seleção campeã, Camarões. Segundo a organização da Liga, o motivo foi a dificuldades para organizar e fechar o time.
“O processo para fechar os times depende principalmente da capacidade do capitão organizar e mobilizar o pessoal para participar. Alguns times realizam amistosos e treinamentos devido à agilidade de seu capitão e estabelecem o time rapidamente. Nós ajudamos os times a achar mais jogadores, fazer amistosos, mas é importante uma liderança dentro do time. Sem ela não é possível”, explica Marcelo Sturari, que organiza a Liga Gringos ao lado do francês Setephane Darmani, ambos por meio da La Vista Eventos.
Ainda de acordo com Sturari, esse foi um dos motivos que levaram à entrada do Brasil no torneio. “O capitão e o time são conhecidos por nós e já atuaram em outros torneios organizados por nós, além de trazer um algo a mais e ter um representante do Brasil”, completa.
A divisão das seleções levou em conta o desempenho obtido durante a Copa Gringos: os times que conseguiram ir mais à frente no torneio ficaram na Série A; já os que tiveram campanha inferior ou são estreantes na competição ficaram na B. Veja abaixo como ficou:
Série A
Argentina
Bolívia
Chile
China
Colômbia
Espanha
França
México
Paraguai
Peru
Série B
Alpino (combinado entre Áustria e Suíça)
Bélgica
Brasil
Esperanto (com jogadores de várias nacionalidades diferentes)
Estados Unidos
Grécia
Inglaterra
Itália
Japão
Portugal
Número de jogadores
O número de jogadores é outra das grandes mudanças para a Liga Gringos. Poderão ser inscritos até 20 jogadores por seleção (eram 15 na Copa), sendo que permanece o limite de até dois brasileiros natos ou naturalizados por time – de modo que as seleções da Liga Gringos sejam formadas basicamente pelos imigrantes que vivem no Brasil.
A ampliação atende a uma reivindicação dos times à época da Copa Gringos, para evitar problemas com ausências e lesões em partidas.
Maiores detalhes sobre o novo torneio (tabela completa, ficha e estatísticas dos jogadores, regras, entre outros) podem ser vistas no agora site da Liga Gringos, que ainda conserva dados e notícias sobre a Copa Gringos.
Primeira rodada
Dois jogos abrem a Liga Gringos, com previsão de início às 11h: Bolívia x Argentina (Série A) e Brasil x Bélgica (Série B). Veja abaixo a relação completa de partidas do primeiro domingo de Liga Gringos:
Série A (quadra 4)
11h – Bolívia x Argentina
12h – Chile x Paraguai
13h – China x México
14h – Colômbia x França
15h – Espanha x Peru
Série B (quadra 6)
11h – Itália x EUA
12h – Brasil x Bélgica
13h – Alpino x Grécia
14h – Esperanto x Japão
15h – Portugal x Inglaterra
A expectativa é que os times farão confrontos mais equilibrados, levando em conta que os mais fortes estão na Série A, e os mais fracos, na Série B. Além disso, cada seleção vai disputar ao menos nove jogos cada uma, contra quatro do torneio anterior. Ou seja, levar um “chocolate” em uma partida não necessariamente significará a eliminação do time, que terá assim mais tempo para se recuperar e até mesmo dar o troco nas rodadas seguintes.
Diversidade e amizade
Além dos jogos e dos momentos de confraternização seguintes, a expectativa é que a continuidade da Copa ajude a valorizar o lado cosmopolita de São Paulo, unindo em torno do futebol pessoas de diferentes origens, histórias e situações: de refugiados políticos a diplomatas, passando por executivos, mecânicos, estudantes e operários. E também manter os laços de amizade criados dentro e fora das comunidades – apontado como um dos legados do torneio.
“Pessoas que não se conheciam pessoalmente antes hoje frequentam a casa um do outro, são amizades reais. Criamos grupos de amigos, e isso é outra coisa que eu valorizo muito, além do resultado esportivo”, destaca Darmani, idealizador e organizador da Copa e da Liga Gringos.