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domingo, dezembro 22, 2024

Você é livre?

Você é livre?

A burocracia e a violência criou uma distância entre nós. Agora é necessário assinatura de vários papéis para que tenha o direito de circular livremente por ai.

Isso quando circular é uma opção. A maior porcentagem das pessoas morrerão sem a possibilidade de conhecer uma outra cultura.

No mundo pelo avesso, criamos uma nova categoria para classificar as pessoas. O outro não é um irmão, uma irmã ou uma possibilidade, não, ele é de um outro lugar, portando outros costumes, ele é um “estrangeiro”.

E estão ensinando por ai, que estrangeiro é igual a ameaça. A não ser que ele esteja no porão do Brás, fabricando suas roupas.

Quantas guerras em volta do globo em nome da posse soberana de um pedaço de terra, da possibilidade de governar momentaneamente a pequena fração de um todo.

Quantas vezes o nacionalismo cego nos colocará contra quem está para somar no planeta, e momentaneamente encontra-se perto de ti.

No mundo pelo avesso, é preciso fugir, se esconder e viver como um “ilegal”, porque experimentar da vida, só se for comprovadamente um consumidor, turista, ou uma possível mão de obra barata.

Até quando a matéria prima da Africa viajará mais que seus filhos explorados nas minas de extração de recursos?

Até quando os produtos chineses chegarão aos cantos mais remotos do mundo, enquanto seus produtores estarão presos trabalhando 16 horas por dia sem descanso?

Fronteiras imaginárias criadas para prender as pessoas em seus devidos lugares.

Fronteiras asseguradas através de força, falsa diplomacia, crença e violência.

No mundo pelo avesso é assim, as mercadorias circulam livremente, enquanto as pessoas são barradas pelas fronteiras da vida!

fronteira

Texto: Ibu Junior Martins Piradju
Arte: Robert Yo Arte Ilustração

A reflexão acima foi publicada na página da Marginal Comics no Facebook, em 4 de março deste ano. Trata-se uma editora independente de Histórias em Quadrinhos (HQ) que tem o objetivo de produzir histórias em quadrinhos que falem um pouco sobre o cotidiano de quem vive à margem.

Infelizmente muitos migrantes mundo afora estão entre os relegados a esse “lugar” na sociedade. É um texto não apenas para fazer pensar, mas sobretudo se posicionar e agir contra essa situação que fere diariamente a humanidade e a dignidade de quem está submetido a ela.

Marginal Comics: http://blogmarginalcomics.blogspot.com.br/

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