Além de terem que se adaptar à cultura do Brasil, refugiados e imigrantes enfrentam dificuldades para conseguir emprego quando chegam aqui. Por esse motivo, o projeto Pana Brasil, financiado pela OIM (Organização Internacional para Migrações) e idealizado pela Cáritas Brasileira, ofereceu um Workshop de Empregabilidade aos moradores do abrigo que administram, no Jardim Guairacá, zona leste de São Paulo.
O curso de pouco mais de três horas que aconteceu na último dia 18 de maio e foi ministrado pelo voluntário Renato Oliveira, instrutor corporativo de ONGs.
A busca por uma oportunidade de trabalho é uma realidade evidente na vida cotidiana dessas pessoas em São Paulo. E em tempos de quarentena, causada pela pandemia do Novo Coronavírus, a situação ficou ainda mais preocupante. O Workshop foi elaborado para tentar amenizar essas dificuldades, inclusive a questão do idioma, que é a principal barreira para quem vem de fora, além dos processos burocráticos em excesso e muitas vezes preconceitos.
“Eu e meu esposo viemos para o Brasil há dois anos e até hoje sentimos dificuldades para encontrar um emprego estável. Já fizemos de tudo, mas nada que ganhamos é o suficiente para o nosso sustento. Esse curso é muito importante porque nos dá a oportunidade de aprendermos como funciona um processo seletivo no Brasil, que realmente é muito diferente da Venezuela. Ajuda bastante também para saber como devo me vestir e o que devo falar no dia da entrevista”, conta Carolina García, mãe de dois filhos (de 2 anos e de 8 meses) e atualmente desempregada.
A venezuelana que vive no abrigo há um mês, procura emprego juntamente com o esposo para conseguir alugar uma casa e recomeçar a vida da família, após deixar Manaus, onde já não via mais esperança de construir um futuro digno.
O Workshop contou com temas importantes como: técnicas para elaborar um currículo de forma assertiva; como se candidata para anúncios de emprego; marketing pessoal nas redes sociais; apresentação pessoal – o que vestir e que postura assumir; como potencializar suas habilidades e competências na entrevista de emprego e dinâmicas de grupo e prática com simulações de entrevistas de emprego.
“Estamos vivendo uma pandemia em que todos estão sendo afetados, mas essas pessoas têm uma realidade ainda mais dura. Não poderia deixar de compartilhar minhas experiências. No fundo estamos ajudando a nós mesmos, saímos melhores depois de vivências como essa”, contou Renato, que há cinco anos atua como voluntário em diversas organizações que abrigam pessoas em situação de vulnerabilidade.
Desde 1997, a lei brasileira de refúgio garante aos refugiados e solicitantes a emissão da Carteira de Trabalho, garantindo o direito dos mesmos a trabalharem como brasileiros nativos, assim como os imigrantes em situação regular, que também podem ser empregados sem qualquer problema para os empregadores, que muitas vezes ainda enxergam a oportunidade de dar uma chance a um estrangeiro como uma barreira.
A falta de informação sobre como contratar refugiados e o medo de auditorias do Ministério da Economia no caso de contratações irregulares também são entraves para a inserção de refugiados no mercado de trabalho.
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