Pelas ruas e estabelecimentos, é possível ver gente de todo o canto: indianos, chineses, cidadãos do Congo (Kinshasa e Brazzaville), Moçambique, Zâmbia, Angola, Brasil, entre outros; mulheres andam à moda ocidental, mas também têm aquelas circulam com sáris, hijabs e niqabs. Assim como outras grandes metrópoles do mundo, Johannesburg concentra pessoas de diferentes origens, que vieram à cidade por diferentes motivos, em busca de uma nova vida.
É esta cidade, a maior da África do Sul – país que derrubou o apartheid, mas ainda tem um longo caminho pela frente na tarefa de promover a justiça social e corrigir as divisões causadas por décadas de segregação – que recebe a partir desta sexta-feira (5) a sexta edição do Fórum Social Mundial das Migrações (WSFM), a primeira em solo africano.
São esperadas em torno de 4.ooo pessoas no fórum – a maioria delas da África do Sul e países vizinhos, mas participantes de todo o mundo confirmaram presença, inclusive do Brasil.
Em seus quatro dias de duração (vai até dia 8), o fórum vai trazer uma ampla gama de debates e workshops divididos em quatro eixos principais – cada um deles abordado em um dos dias do evento:
Dia 5 – Refugiados, Solicitantes de Refúgio e Migração Forçada;
Dia 6 – Migração, Coesão Social e Integração;
Dia 7 – Migração, globalização e crises: tendências e alternativas;
Dia 8 – Direitos Humanos e Cidadania
A programação completa (em inglês, francês e espanhol) pode ser baixada neste link e no blog do Global Forum on Migration and Development (GFMD)
Superando barreiras e o novo local
O evento chegou a ter sua realização colocada em dúvida após a cidade de Johannesburg retirar o apoio ao evento por divergências com o comitê organizador. A decisão implicou ainda a impossibilidade de fazê-lo no campus Soweto da University of Johannesburg.
A solução encontrada pela organização foi levá-lo para o Constitution Hill, antiga prisão política convertida em uma série de museus e que lembra a luta contra a segregação racial no país. “Por causa de sua relevância histórica, pensamos originalmente nele como um local para visitar. Nunca tínhamos pensado nele como a locação principal, mas é um local muito apropriado, conectado à liberdade e o tópico do Fórum é de defesa da liberdade”, explica Aline Mugisho, integrante do comitê organizador, em entrevista ao GFMD – leia aqui a matéria completa, em inglês.
O local, além de ser carregado de simbolismo, é próximo da University of Witwatersrand, que vai servir de alojamento aos delegados.
Expectativas
De acordo com a organização do Fórum, ele pretende ser “uma ponte entre a África e o resto do mundo, em especial com a América Latina” – dois continentes ligados por uma história comum de migração, mas também de escravidão; uma ponte também entre os movimentos sociais de todo o mundo que se empenham em alertar seus governos sobre o direito à mobilidade; uma ponte entre migrantes de todo o mundo, em suma.
“A mensagem do Fórum é muito clara: defesa da cidadania universal e de um novo modelo mundial de desenvolvimento com sustentabilidade e respeito aos seres humanos, portanto, no centro está a crítica ao sistema capitalista mundial”, diz Paulo Illes, atual coordenador de Políticas para Imigrantes da Prefeitura de São Paulo e que estará em um dos painéis do Fórum.
De acordo com Aline, o objetivo é que o resultado do WSFM não fique apenas na teoria, mas que as recomendações de fato sejam implementadas. “Com isso, podemos ser felizes em termos começado a criar alternativas e avançar para a ideia de que um outro mundo é possível”.
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