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quarta-feira, dezembro 11, 2024

Artista iraniana refugiada no Brasil faz ensaio para denunciar repressão contra mulheres na terra natal

Com formação em fotografia, a cantora iraniana Mahmonir Nadim, a Mahmooni, se juntou à irmã em um projeto no qual protesta contra as restrições impostas às mulheres no Irã

Atualizado às 18h30 de 21.set

Já conhecida pelo trabalho com a orquestra Mundana Refugi, onde se apresenta como Mahmooni, a cantora iraniana Mahmonir Nadim tem também habilidades em outras áreas. Uma delas é a fotografia, que está sendo usada por ela para criticar a denunciar a situação vivida por outras mulheres na terra natal.

A ação consiste em uma série de cinco retratos que mostram uma mulher seminua, usando um manto (vestimenta obrigatória para mulheres iranianas) desenhado com azulejos de mesquitas. O objetivo, segundo ela, é mostrar a violação de direitos às quais as mulheres iranianas estão sujeita,s em uma sociedade repleta de paradoxos e discriminações.

Ela contou com a ajuda da irmã, Mahsima Nadim, que também vive em situação de refúgio no Brasil, e serviu como modelo para o ensaio. As fotos foram feitas no bairro de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, e contam com colagens de imagens de azulejos presentes em locais históricos do Irã.

“Por que as mulheres no Irã e no Afeganistão não têm o direito de escolher o hijab [vestitmenta dirigida às mulheres em alguns países muçulmanos]? Se uma mulher ou menina com mais de 7 anos sair de casa sem hijab, a polícia vai prendê-la. Ela não tem o direito de estudar e ir a algum lugar público. Por que a nudez é considerada crime?”, afirma Mahmonir, que tem a artista mexicana Frida Kahlo como uma inspiração.

Para tal, Nadim aproveitou a formação que possui em cinema, adquirida ainda no Irã. “Fiz alguns documentários e também fotografia de backstage”, completou ela, que vive no Brasil há dez anos.

Protestos no Irã

O ensaio feito por Nahmonir e Mahsima ganha significado especial diante de notícias recentes do Irã sobre mulheres protestando contra a situação de repressão a que são submetidas no país.

O estopim para as manifestações foi a morte de uma mulher de 22 anos enquanto estava detida pela polícia dos costumes. Ela foi presa porque o seu véu estava solto.

Nos protestos de rua, algumas mulheres têm arrancado seus hijabs, girando-os no ar. Outras cortam o cabelo ou jogam os véus em fogueiras.

Desafio de ser mulher e migrante

Embora tenha liberdade de realizar uma manifestação como essa no Brasil, Mahmonir reconhece os obstáculos a serem superados no país como mulher e migrante, ao mesmo tempo.

“Você tem que trabalhar duro para provar a si mesmo. É difícil para os brasileiros confiarem em nós. Mas eu amo o Brasil e seu povo. O Brasil me deu muitas coisas. E aprendi muito com essas pessoas, principalmente com as brasileiras E eu recebo força delas”.

A partir da fotos, Nadim pretende outras ações no sentido de denunciar a situação de repressão vivida pelas mulheres. “Nós estamos aqui para lutar para criar igualdade e eliminar a discriminação de mulheres e meninas”, completou.

De acordo com dados do Conare (Comitê Nacional para Refugiados), o Brasil já reconheceu 61 iranianos como refugiados. Ao todo, são 61.731 pessoas que contam com esse status de proteção em território brasileiro, de 121 nacionalidades.

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