Autora venezuelana reúne em livro poemas que falam sobre os caminhos enquanto migrante no Brasil

Atualizado às 10h20 de 27.fev.2024

Radicada em Ouro Preto (MG), a escritora venezuelana Livia Vargas Gonzalez conta por meio de poemas a exepriência migratória e os processos afetivos envolvidos nessa mudança. O resultado é observado no livro “Monte, Trama y Trepadeira”, que se encontra em processo de pré-venda e saírá no Brasil pela Artefato Edições.

A obra é construída de uma forma bilíngue: o espanhol de sua cidade natal Caracas, e o português acolhedor de Minas Gerais, do Rio de Janeiro, e de tantos outros cantos do Brasil. É uma fusão de idiomas e culturas que dá origem a uma linguagem única, repleta de significados e nuances. Dessa forma, o leitor pode conhecer os lados que habitam a existência de Lívia e viajar por uma história tecida com fios de afeto que se entrelaçam ao longo de sua jornada pelo Brasil, atravessando fronteiras físicas e emocionais.

Entretanto o livro não é apenas um testemunho daquilo que a autora viveu, são poemas de amor, conexão, acolhemento e, é também, uma celebração da diversidade linguística e cultural. Livia busca levar o leitor em uma viagem através da nossa a nossa própria humanidade compartilhada, por meio de todas as pessoas que passaram por sua vida e construiram “um fio” em sua essência.

“Nesse livro estão os anônimos e anônimas. Estão os nossos mortos. Estão aqueles que a pandemia levou. Está um amigo poeta que encorajou a Lívia a voltar para a poesia. Está a vida, está o calango. Está nas ruas, está nas vozes do passado, está a memória. Estão os meus amigos migrantes, né? Meus afetos migrantes que estão espalhados por todos os cantos desse planeta em que a gente habita”, afirma Lívia.

A obra é realmente um tecido afetivo construido pelos fios de sentimentos de pessoas diversas. Passando por uma editora responsável por incentivar Lívia a publicar seu livro. O revisor que poliu o livro de uma forma exemplar, principalmente por se tratar de um poemário bilingue. E a capa foi produzida por uma amiga de Lívia venezuelana que migrou para o Brasil na mesma época e pelas mesmas razões.

“E essa capa, ela fala tanto da nossa experiência enquanto migrantes, ela fala tanto, se conecta tanto com o espírito desse poemário, que é uma conexão que só é possível desde que fosse afetiva.”

Outro ponto a ser ressaltado são as apresentações do livro.O prológo é escrito totalmente em espanhol e construido pela poeta venezuelana Cátia Pinhango Pinto. Já o prefácio é construído pela Ariane Araújo, uma brasileira que ajudou muito Lívia na sua chegada e incentivou a escritora a ir pelo campo da poesia.

Quem é Lívia?

Lívia é uma mulher venezuelana e mãe, que veio para o Brasil e no caminho teceu fios de afetos com as pessoas que encontrava no caminho. Ela carrega consigo a tristeza e a alegria que a migração traz, a nostalgia, a saudade, as conquistas, as impotências, os encontros e todo tipo de sentimento que a mudança traz.

A autora sempre foi ligada a literatura e a poesia, transparecendo essa relação em seu filho, que se achama Aquiles em homenagem ao autor Aquiles Nasoa. Livia, busca em sua poesia e história se encontrar com o mundo e tecer essas relações de afeto que bebe do mundo, ressignifica o mundo e volta para o mundo. Além disso ela busca abrir uma janela para as pessoas se aproximarem do que significa a experiência migratória de uma venezuelana, que deixou família, filho e trajetória, mas que também soube ressignificar a palavra “distância” e transparecer isso para os leitores.

“Monte, Trama y Trepadeira” é o terceiro livro de Livia publicado no Brasil. Além dele, a autora também escreveu “Tránsitos Cotidianos”, de crônicas sobre a Venezuela e publico em 2020 pela editora Apeku; e mais um de poesia, intitulado “Você Gosta de Poesia IV”, que saiu em 2021 por causa do prêmio de poesia Ameopoema.

O mais recente livro de Livia terá lançamento na cidade de Ouro Preto, no próximo dia 16 de março, às 18h, no Bar Toffolo. Há também um evento marcado para Caracas, em 14 de maio, no Bar Java’s.