publicidade
quarta-feira, maio 21, 2025

Imigrantes no Rio promovem ato em homenagem a senegalês morto pela PM em SP

Além do tributo a Ngange Mbaye, manifestação promovida pela comunidade migrante se preocupa com autorização dada à Guarda Municipal para uso de armas de fogo

O Movimento Social de Migrantes do Rio de Janeiro promove na tarde desta segunda-feira (28), na região central do Rio, um ato em homenagem ao migrante senegalês Ngagne Mbaye, morto durante abordagem violenta da Polícia Militar em São Paulo, no último dia 11 de abril.

A concentração está marcada para as 16h, em frente à Câmara Municipal do Rio, que fica na Cinelândia. O local é palco tradicional de manifestações populares na cidade.

Ngange Mbaye tinha 34 anos e trabalhava como vendedor ambulante na região do Brás, famosa pelo comércio popular em São Paulo. Ele estava de folga e tentou impedir que a mercadoria de uma idosa fosse levada pelos agentes policiais quando foi agredido e levou um tiro no abdômen, morrendo pouco depois de ser socorrido. O caso chocou a comunidade migrante e teve repercussão tanto no Brasil quanto no exterior, motivando inclusive manifestações do governo do Senegal, país natal de Mbaye.

“Não podemos nos calar! Sua vida foi interrompida de forma cruel, mas sua memória seguirá viva na luta por justiça!”, diz comunicado divulgado pelos organizadores do ato.

Nos dias seguintes à morte de Ngange Mbaye, duas manifestações populares foram promovidas na capital paulista. Uma delas, inclusive, foi reprimida com violência pela Polícia Militar, que alegou ter sido atingida com uma garrafa como motivo para reagir.

No final de abril de 2024, o também senegalês Serigne Mourballa Mbaye (mais conhecido como Talla Mbaye) morreu após uma ação da Polícia Militar. Ele estava em um prédio que foi alvo dos agentes por ser um suposto local de receptação de celulares roubados. As forças de segurança disseram que Mbaye pulou do prédio e morreu na queda – o que é contestado por moradores da região, que afirmaram que o vendedor ambulante foi jogado pelos policiais.

A partir da morte do migrante senegalês, um grupo de 66 entidades encaminhou um comunicado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), da Organização dos Estados Americanos (OEA), reforçando uma denúncia feita em dezembro passado contra a violência policial no Estado de São Paulo.

Preocupação com armas de fogo da Guarda Municipal

Além da solidariedade a Mgange Mbaye, o ato no Rio de Janeiro também expressa preocupação com o projeto aprovado no último dia 15 de abril pela Câmara Municipal que autoriza a Guarda Municipal a utilizar armas de fogo.

“Armas nas mãos de uma força sem treinamento adequado, sem um plano de segurança pública adequado, podem transformar ruas em zonas de perigo, aumentar mais a violência institucional e perpetuar práticas discriminatórias, colocando em perigo aqueles que já enfrentam precariedade e exclusão”, expressa também o comunicado de convocação do ato.

A morte do migrante senegalês em São Paulo é apontada como exemplo do risco que representa tal autorização para que forças de segurança municipais utilizem armas de fogo.

Na capital paulista, o agente que disparou contra o migrante senegalês estava na região por meio da Operação Delegada, um convênio entre a Prefeitura de São Paulo e o governo paulista que prevê que agentes voluntários da Polícia Militar reforcem o policiamento na cidade durante os dias de folga. O foco principal é o do combate ao comércio ambulante em situação irregular, ação muitas vezes feita de forma violenta.

A edição de 2024 da Marcha dos Imigrantes, em São Paulo, teve como uma de suas reivindicações o fim da Operação Delegada.


Quer receber notícias publicadas pelo MigraMundo diretamente no seu WhatsApp? Basta seguir nosso canal, acessível por este link

O MigraMundo depende do apoio de pessoas como você para manter seu trabalho. Acredita na nossa atuação? Considere a possibilidade de ser um de nossos doadores e faça parte da nossa campanha de financiamento recorrente

Publicidade

Últimas Noticías